A região em torno de Campinas conheceu grande afluência de africanos entre a segunda metade do século XVIII e a primeira metade do século XIX em função do crescimento da cultura cafeeira. Uma das mais importantes heranças culturais mantidas pela população afro-descendente desta área é o Batuque, Tambu ou Caiumba, especialmente nas cidades de Tietê, Capivari e Piracicaba. Duas filas se defrontam, uma de mulheres e outra de homens, perto da qual ficam os tambores. Um batuqueiro solta (entoa) a moda. Os homens a memorizam e sobem até a fila das batuqueiras para ensinar-lhes a canção. Após diversos galanteios, os homens vêm bater nas batuqueiras - trocar umbigada com elas -, e aí o baile começa pra valer. O movimento da umbigada é encontrado em diferentes danças banto-brasileiras. As modas, canções do Batuque, constituem uma crônica cantada da comunidade - sua história passada e presente, seus valores morais, seu entorno social. Criadas no repente ou buscadas na tradição, elas tecem comentários acerca de pessoas e fatos conhecidos pelo grupo, não raro em tom jocoso e servindo-se de uma linguagem rica em metáforas. Muito freqüente é a temática do amor e do relacionamento conjugal. Outros assuntos comuns são as memórias do cativeiro, a resistência e crítica ao racismo e a outras formas de opressão social e política. No plano musical, o referencial rítmico básico é dado pela matraca, dois paus batidos no corpo do tambu, e pelos guaiás, chocalhos metálicos empunhados por cantores e dançadores. O tambu, grande tambor cônico, improvisa comentários à melodia da moda, ao mesmo tempo em que faz a marcação da dança, indicando o momento exato da umbigada. O repique do quinjengue, tambor menor em forma de cálice, serve de orientação tanto para o andamento da música quanto para a afinação dos cantores.
Nesta apresentação para o Sesc V. Mariana, os batuqueiros de Piracicaba, Tietê e Capivari, bastiões de uma tradição mais que secular da história da cultura popular brasileira, mostrarão ao público algumas de suas modas, além do passo da umbigada, raramente encontrada hoje em dia, ao som do tambu, quinjengue, matraca e guaiás. [editada por Marcelo Manzatti em 15/3/2006 11:20]
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