Revisão da Lei de Anistia, homenagens a golpe de Estado, autocensura e memória do brasileiro são temas de “O que resta da ditadura”, colóquio promovido pelo departamento de História da UEPG. A atividade será realizada às 19h da próxima quinta-feira, dia 20, no auditório do curso, na Central de Salas (Campus Uvaranas).
Os convidados dessa primeira edição são coordenadores do movimento “31 pelo 15”. O grupo realiza uma campanha informativa sobre memória política, analisa as auto-homenagens feitas pelo regime instalado em 1964. O fato se constata em prédios públicos e logradouros que receberam nomes de personagens e de datas referentes ao golpe militar.
“O modo como vemos o passado aponta qual nosso futuro como sociedade”, observa o organizador do colóquio, Luiz Fernando Cerri. Doutor em Educação pela Unicamp, ele considera que a ditadura ainda é um tema que não recebeu a atenção suficiente por parte da sociedade brasileira embora seja um passo fundamental seu entendimento como povo. Ou, como diz, tem a ver com o “contrato da nacionalidade”.
Segundo o historiador Thiago Divardim, participante do colóquio, “é preciso superar o constrangimento que envolve a discussão de temas referentes à ditadura militar”. Esse desconforto estaria presente em histórias familiares, em salas de aulas e quando o Estado delibera sobre acesso a documentos oficiais do período. A coordenadora do Portal Comunitário, Maria Lúcia Becker, participa da mesa abordando as questões da memória política e o enfoque do jornalismo feito com comunidades.
Para o jornalista Ben-Hur Demeneck, também convidado, a autocensura foi um das heranças do período 1964/1985. “O medo de falar o que se pensa, especialmente quando um posicionamento crítico, se incorporou não só no cidadão, mas dentro de redações, entre os profissionais de imprensa”, declara. Membro da coordenação do 31 pelo 15, ele lamenta outra mazela herdada: a desinformação histórica, que atinge até os legisladores.
O evento apresenta também o caso de linha de ônibus e de núcleo habitacional ponta-grossense que mantêm o nome “31 de Março”, referência ao golpe que derrubou o presidente João Goulart. A repercussão da campanha informativa que aborda as homenagens feitas à ditadura será exposta no encontro a partir de artigos e do noticiário regional, principalmente no ano de 2010, quando se completaram 25 anos da redemocratização brasileira.
Além do movimento internacional e nacional sobre a memória dos períodos sem democracia, os temas reacenderam o interesse de discussão por parte da mídia devido à votação feita no Supremo Tribunal Federal sobre revisão da Lei de Anistia. Órgão derrubou por 7 votos a 2 a proposta feita pela OAB do Brasil, a qual apontava quebra de preceito fundamental ao se absolver os crimes promovidos pelo Estado brasileiro durante os “anos de chumbo”, tais como tortura, assassinato e estupro. A decisão pode levar o Brasil a ser condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos.
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