CONEXÃO
Admilson Munis
Bati forte no portão de sua casa, toquei o interfone. Não liguei por estar indignado com tantas ligações perdidas que já fiz. Chorei outro dia no sofá, você estava na minha frente, nem me viu. Aquele filme de domingo não vemos mais juntos. Há sempre um desencontro, um ou outro o assiste sozinho. Seu filho te chamou. Seu rosto não se moveu. Ele virou o seu rosto com as mãos fez com um movimento de carinho. Seu pescoço parecia de molas, retornou ao mesmo lugar. Seus livros estão empoeirados implorando a leitura. Já não mais tem a sua companhia. Suas visitas reclamam que você não mais as recebe. Se as recebe não fitam mais os olhos em seus olhares. Alguém te chama você responde por impulso, não que percebe que tem alguém querendo falar com você. Deus, certamente chegou perto de você em algum desses dias. Você também o ignorou. Estava ocupada demais. Acredita que Deus é passado. Que filho vive sozinho. Que marido deve ter paciência. Que seus amigos não precisam mais te ver. Que sua cabeça não precisa girar. Que sua boca não precisa mais falar. Que tempo é este? Tudo parece tão bonito no pequeno espaço diante de seus olhos. Olhos baixos e patológicos que não se furtam de uma mira limitada. Não levantam, não piscam, não dormem não choram. O mundo inteiro finge estar perto de você em um toque, em uma fração de segundo. Todas as pessoas distantes parecem se aproximar de você. Você as enxerga com a falsa impressão de consegue as tocar. Não!! Elas estão cada vez mais distantes! Cada dia elas choram sua antiga companhia. Queriam falar com você e ouvir a sua voz. Mas você foge...foge...e só pensa em evita-las. Evitá-las com cliques e deslizes pelas telas deste maldito celular. Use, mas não se esqueça de que pessoas são humanas. Elas sofrem quando são substituídas pelas maquinas. Elas têm sentimentos. Elas precisam de calor humano. Os professores estão irados!! Nem toda sala de aula e sala de informática. Eles querem sua atenção. é muito chato falar para ninguém. Ninguém mais escuta ninguém. Hoje por mais que uma sala esteja cheia de pessoas, todas parecem estar sozinhas. Com os olhos vidrados na tela e sorrindo para as maquinas que sequer as correspondem. Goste muito das maquinas mas sem esquecer o amor pelas pessoas.
O texto trata de uma reflexão acerca do uso da tecnologia. O vício que chega ser quase uma doença no mundo moderno.
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