No sermão dos domingos, ele sempre proferiu palavras carregadas de profundidade e graça, que, porém, não corresponderam aos seus gestos, alguns deles controversos. O que levou o padre, ao despedir-se da paróquia do distrito de Taquaruçu, em Palmas (TO), a ouvir um texto sensível e sincero, de Thays Pinheiro, reproduzido abaixo na íntegra.
“A intenção da mensagem não é atribuir culpa, não é indicar culpados. Até mesmo porque, cada um interpreta e sente o que escuta segundo sua própria consciência. Em uma relação, seja ela de que natureza for, ambos os lados contribuem para o fim:
Quando te faço forte me torno grande, tão grande, mas tão grande, que na contramão desta lógica não há vencedores, nem derrotados. Não há lógica. Não há glória. Quando te faço forte me torno grande e no contrassenso deste exercício, não há e nem poderia existir júbilo, êxito, triunfo, festa. O que fica, na verdade, bem lá no fundo, é o resumo de muitas perdas: a separação. Perdas apanhadas durante a feliz caminhada, sim, FELIZ CAMINHADA que trilhamos juntos. Mas que trilhamos, em alguns instantes, desatentos para com os passos que poderiam nos macular, nos ferir, nos enfraquecer mutuamente. Risco assumido por quem anda e constrói apaixonadamente uma relação. Consequência? Este afastamento gerado pela incompreensão, pela intolerância, pelo prévio e desmedido julgamento, pelo descuido em não tentar enxergar o outro e o outro lado. A perda da capacidade de avaliar, de se autoavaliar, reflexo da ausência de humildade. Perda da medida exata, de quem por tanto andar junto já nem percebe que ama e que se reconhece no outro. A perda da oportunidade de deixar imperar o silêncio e do ensejo de estabelecer o diálogo, quando cada um, a seu tempo e modo, pode e deve restabelecer os laços. Perdemos todos, já que a estranheza, o distanciamento, a indiferença forçada, a rispidez, a injúria causam dor, mortificam ambos os lados que caminharam juntos por tanto tempo. Por perdermos, todos nós alcançamos a despedida num triste tom, talvez com um quê de mágoa, completamente diferente das transições naturais inerentes à vida, ao crescimento. Absolutamente diverso do desejado. Em algum momento foi se esvaindo a força e a grandeza foi sendo quase que sufocada pelo desentendimento, como se a nossa jornada tivesse sido enfadonha, insuportável, como se não houvesse tido olhos nos olhos na dor e na alegria, como se não tivéssemos nos abraçado, nos beijado e sonhado juntos. Em algum momento foi se esvaindo a força e a grandeza, como se na nossa convivência de mais de 3 anos não tivéssemos construído nada.”
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