A outra face de uma conferência

JMarconi
II CNC
1
catengo · Brasília, DF
20/4/2011 · 3 · 1
 

Gostaria de falar, ainda que tardiamente, sobre a II Conferência Nacional de Cultura.
Se a gente escuta por aí "ô povinho sem cultura", posso dizer que tá faltando educação ao povo da Cultura.
Falemos primeiro das pré-conferências.
Na pré-conferência do Circo, teve até agressão física. Logo no circo, um povo alegre por natureza...!
Na de culturas populares, muitas agressões verbais. Ao dividir as vagas na região Norte, o Acre ficou de fora. No Sul, onde tinham 3 vagas, o lógico seria uma para cada estado. Mas SC também ficou de fora.
Recebi um telefonema tarde da noite me perguntando quem eu era, onde eu estava, porque a discussão no Centro-Oeste estava rolando naquele momento, "pois o pessoal do DF é bem articulado"...
Tive uma aula com Nêgo Vina, um lider quilombola do Piauí. Ele me disse que desde os 18 anos mexe com isso e que, de lá pra cá, pouca coisa evoluiu, ficando sempre no campo da discussão. Muita gente mais preocupada com o individual do que com o coletivo.
O colega de SC definiu muito bem algo que pode ser verdade: o objetivo dos "grandes articuladores" é cansar a plenária e, assim, ao final, todos extenuados, esgotados, aprova-se qualquer coisa, ou melhor: o que eles queriam aprovar.
No dia anterior, por falta de quorum, foi eleito um delegado do nordeste. No dia seguinte, O pessoal do nordeste solicitou novas eleições, pedido que foi acatado pela maioria. Tudo resolvido, um sr. da região sudeste se levanta e questiona o ato, solicitando uma votação para saber se era válida esta nova votação(!).
As discussões não são válidas? Sim, claro que são, extremamente válidas e importantes, mas deve-se elevar o nível das mesmas. Tem gente misturando militância política com cultura.
Harrison Owen desenvolveu uma técnica de reunião, chamada Open Space Tecnology (OST ou TEA, em bom português), baseada nos intervalos, os famosos "coffe breaks". Depois de passar um ano preparando um evento para 500 pessoas, ao final do mesmo, na avaliação, os participantes foram unânimes em dizer que o melhor momento foi o coffe-break. E esta particularidade se repetiu na II CNC.
Como sempre, os melhores momentos são os coffe-breaks, os intervalos, as merendas, pois é o momento em que as pessoas trocam conhecimentos.
Na abertura oficial da II CNC, as portas foram fechadas e a polícia convocada. Já é o segundo evento que participo com a presença do Presidente da República, e sua assessoria não sabe tratar o povo de maneira educada.
Vi o olhar perdido de senhorinhas do Pará, presentes numa discussão inútil acerca de ir ou não para a Esplanada para protestar. Como já se não bastasse a baderna instaurada, um participante irrompe a sala e grita "EU TÔ INDO PRA Là AGORA! QUEM QUISER QUE ME SIGA!", como se estivesse tocando uma boiada.
Gente, precisamos de mais políticas culturais, e menos política na cultura!

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Sinvaline
 

Ah agora vc sabe porque digo que nao participo mais de audiencias, encontros, conferencias de cultura e meio ambiente,....abraços

Sinvaline · Uruaçu, GO 22/4/2011 15:05
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