Arraiá do Arranca Unha, no Centro de Criatividade

Quem nunca esteve em Sergipe no mês de junho, não tem idéia da dimensão que as festas dos Santos Antônio, João e Pedro têm por aqui. É festa, música, bandeirolas coloridas, dança , arraiás, apresentações de quadrilhas juninas, fogos e bacamarteiros, apresentações de grupos tradicionais, em todos os cantos do estado. Todas as possíveis manifestações ligadas ao termo "forró".

São muitas celebrações, de diferentes tipos e tamanhos, papocando por todo lado. Mas tenho um carinho especial por este que é um dos mais tradicionais arraiás da capital sergipana. Este ano, começa na véspera do Dia dos Namorados e antevéspera do Dia de Santo Antônio - pronto: é de se apaixonar!

A festança foi idealizado por Seu João da Cruz, uma liderança da comunidade do entorno do antigo Reservatório Auxiliar do Serviço de Abastecimento de Água da Capital, conhecido popularmente como Caixa d’Água. No local antes conhecido como Morro do Cruzeiro,atual bairro Getúlio Vargas, também está localizada a segunda comunidade urbana de remanescentes quilombolas reconhecida pela Fundação Palmares, a Maloca.

Gente que faz História e Cultura

Na década de 1950, Seu João começou a mobilizar os moradores para homenagear os santos do ciclo junino - Antônio, Pedro e João - enfeitando as ruas com bandeirolas e enfeites típicos, promovendo brincadeiras, casamento caipira e quadrilhas. Assim nascia o ‘Arraiá do Arranca Unha’. Dizem que o nome é uma brincadeira em torno dos efeitos que podem ser causados pelo rala-bucho - para os não iniciados, o ato de dançar forró. Com a construção do Centro de Criatividade pelo Governo do Estado, em 1985, o evento passou a ser realizado pela Secretaria de Estado da Cultura, mas em sintonia com a comunidade forrozeira do bairro e da cidade.

Numa concha acústica enfeitada pelas tradicionais bandeirinhas, pode-se assistir aos verdadeiros espetáculos montados pelas quadrilhas juninas, cada dia mais sofisticados e criativos, ou então dançar (ou ariar a fivela) ao som de trios pé-de-serra e forrozeiros. A festa inclui venda de literatura de cordel, artesanato e, claro, comidas e bebidas típicas do período, nas barraquinhas que são, em sua maioria, exploradas pelos próprios moradores da comunidade. Mas o tempero especial quem dá mesmo é o público, festeiro, diversificado até o talo, num ambiente que transmite tranqüilidade, hospitalidade e alegria. Dá gosto ver jovens, crianças, adultos e idosos torcendo para suas quadrilhas, dançando e se divertindo em harmonia. Nunca ouvi falar em histórico de violência por lá nesses eventos.

A festa acontece sempre às sextas, sábados e domingos e na véspera de São João (23) e São Pedro (28), com apresentações de mais de 40 quadrilhas de todo o estado.

Localizado num dos pontos mais altos da cidade, é também é um de seus mais belos mirantes. E com as comemorações dos 25 anos do centro cultural, a festa de 2010 tem tudo pra ser marcante.

Noites felizes

Nas vésperas dos dias santos em que as festas - tambem profanas - acontecem, as fogueiras das portas das casas (e até prédios da capital) chegam a formar uma neblina aconchegante no ar. E nestas datas, por onde você andar, no mercado ou na farmácia, em qualquer lugar, vai ouvir "Bom São João", "Feliz São Pedro". As famílias e amigos se reúnem, as crianças vibram soltando bombas e pequenos fogos de artifício. O espírito de confraternização e de celebração é peculiar, especial, ouso dizer que os festejos juninos mobilizam mais do que o Natal e o Carnaval. É tanta riqueza pra descrever que seriam necessários vários outros textos. Mas o ponto alto, vamos combinar, é dançar um forrozinho... vixe, que coisa boa!

Para quem quer conferir o que rola no Arraiá do Arranca Unha, veja aqui a programação completa.

E para manter o clima:
Viva Santo Antônio!
Viva São Pedro!!
Viva São João!!!

*Este texto é uma homenagem aos 25 anos do Centro de Criatividade e a todos que colaboram para fazer essa festa linda e harmoniosa.