O bairro da Bomba do Hemetério está mudando a sua imagem no Recife. Conhecido pelas freqüentes matérias nas páginas policiais, o local agora ganha reconhecimento por uma das mais promissoras orquestras de frevo da cidade: a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério. Formada há cinco anos pelo maestro Francisco Amâncio da Silva, 30, conhecido por todos como Forró, a orquestra é composta por 21 membros, entre técnicos e músicos, todos moradores do bairro. Com pouco tempo de estrada o grupo já coleciona vários prêmios, participações em importantes festivais, trilhas de filmes e se prepara para lançar seu novo CD intitulado A bomba jorrando Cultura.
Segundo Forró, as idéias começaram a surgir há dez anos quando, individualmente, ele começou a pesquisar a origens do frevo, o seu estado atual e as novas perspectivas a serem exploradas. Depois que o seu trabalho ganhou consistência, foi natural dividir essa idéia com os amigos músicos do bairro. Nos últimos três anos, a orquestra venceu no mínimo dois prêmios a cada ano, no Concurso de Música Carnavalesca Pernambucana. Porém, a faceta mais interessante do grupo é a sua versatilidade entre o espetáculo na rua e nos palcos. O conjunto ganhou este ano o prêmio de melhor Orquestra Itinerante do Estado, apresentando uma nova forma de performance nas ruas, procurando interagir com o público, dançar e se movimentar.
O novo maestro aposta na desburocratização da figura do regente. Segundo ele, a caracterização do ofício – sua roupa e expressão - foi, durante muito tempo, associada a uma imagem séria e distanciadora. Forró faz questão de vestir bermuda, óculos Ray-Ban e camiseta com estampas fortes, enquanto rege o grupo no ritmo apressado e expansivo dos seus braços, um estilo nada convencional entre os maestros.
Os frevos compostos pelos músicos são marcados por síncopes, breques (como são chamadas as pausas abruptas) e pelas mudanças de ritmo. Forró afirma que faz suas composições “pensando no passista e nas possibilidades que a música pode propiciar à sua dança”. As novas composições do grupo poderão ser conferidas no CD que deverá ser lançado no segundo semestre. Ele foi gravado todo na Bomba do Hemetério e aguarda apenas a finalização da arte da capa.
Quem pensa, entretanto, que Forró está restrito a realidade local está muito enganado. O maestro toca há três anos com o DJ Dolores e a Aparelhagem, um dos projetos musicais mais bem sucedidos do estado. Apesar do músico se admitir um pouco tecnofóbico, e ainda não ser muito familiarizado com o computador, ele aplaude a fusão com a cultura eletrônica e com a possibilidade de efeitos e distorções aberta pela tecnologia. A última faixa do novo CD da sua orquestra será um remix de Dj Dolores, que em uma só música utilizará fragmentos de todas as outras 11 do álbum. A parceria com o DJ recifense resultou na participação da orquestra na trilha sonora do novo filme de João Falcão, A Máquina, assinando duas faixas.
A orquestra também atua como uma grande fonte para revelar novos talentos, que dificilmente teriam espaço. Um bom exemplo disso é o percussionista Cícero Vasconcelos, 23, conhecido por todos como Baton. Até o ano passado, o músico se dividia entre a vida de manobrista e a rotina de ensaios e shows do grupo. “Eu sempre toquei percussão em outros conjuntos e faço música desde a minha adolescência, mas o trabalho tem me estimulado a me concentrar e a investir cada vez mais na minha carreira”, afirma Baton. Além disso, a orquestra lidera o projeto Escola Comunitária de Música da Bomba do Hemetério, que beneficia cerca de 60 crianças com aulas de iniciação musical. Com tantas novidades, não faltam motivos para o bairro deixar as páginas policiais e ganhar visibilidade pela sua importância cultural.
* Matéria veiculada no Jornal Universitário O Berro, da Universidade Católica de Pernambuco.
oi Filipe: muito bom o texto, muito boa a foto. Fiquei curioso (não é uma sugestão para este texto, pode ser para uma colaboração futura) de saber mais sobre os outros músicos da Orquestra. Todos moram na Bomba? Tocavam antes? Tocavam frevo? Vivem de outros trabalhos? E Forró, o maestro: foi criado na Bomba? Como os músicos foram escolhidos?
E outra coisa: podemos falar de um fortalecimento do interesse do frevo em Pernambuco, com Spok (muito bom e animado o site) etc.?
todos vivem na bomba sim como falei no lead da matéria, mas muito boa sugestão. Acho que pra internet esta matéria já está num tamanho legal, mas fica a sugestão quem sabe não me instigo para fazer um especial no próximo carnaval. Na verdade esta matéria eu fiz para o jornal da faculdade O BERRO. Inclusive neste dia meu amigio Thiago, fez uma seção de fotos, tem como colocar mais fotos na matéria você sugere criar uma seção de fotos licando com a matéria?
Valeu as dicas hermano, filipe.
Oi Filipe, por enquanto ainda não é possível postar uma galeria de fotos com a matéria (em breve deve ser), mas o Thiago pode postar o ensaio no Banco de Cultura, se quiser. Aí ele pode linkar a galeria a esta matéria aqui. Abraço
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 16/8/2006 13:32
massa, acho que ele ainda nao esta cadastrado no site, mas vou falar com ele para ver se viabilizo este link. Faço até esta sugestão de criar um interface ainda mais dinamica com mais fotos, no corpo da matéria, link nas fotos. Logico que compreendo que o site ainda está em criação mais seria legal não é?
Obrigado Helena pelas dicas.
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