Introdução
“O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversÃvel de diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clÃnico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionaisâ€.
Atualmente a deficiência visual ganhou maior visibilidade em relação ao empreendedorismo, comércio e utilização pública. Segundo a organização mundial de saúde (OMS), a maioria da população mundial com esse tipo de deficiência, encontra-se na terceira idade numa estatÃstica de 75%, sendo que 5% deste total é referente à criança. Ainda, segundo os dados da OMS, 90% da população que possui cegueira está situado no hemisfério Norte. Com base no censo do IBGE de 2000, o Brasil tem cerca de 1,6 milhões de pessoas com deficiência visual, quantitativamente falando isso representa mais ou menos de 1% a 1,5% da população brasileira. A deficiência visual é vista como uma impossibilidade do indivÃduo interagir com o meio social, acreditar nessa assertiva é uma forma de marginalização. Apesar da sociedade criar meios, estruturas, ambientes como escolas, locais de trabalho e urbanização para facilitar o acesso desses portadores da deficiência, essas atitudes ainda se caracterizam por inadequadas e ineficientes. O interesse da reestruturação e inclusão esbarra na problemática de um sistema capitalista que prioriza o poder econômico no qual é mais barato contratar uma pessoa que não possui deficiência pelo simples fato de não haver necessidade de investimentos especÃficos que facilitem a inclusão em determinados espaços urbanos. Devido à luta de movimentos sociais, os deficientes visuais começam a ser incluÃdos na sociedade. A humanidade vivencia um perÃodo de conscientização das diferenças, entretanto, mesmo com tantas polÃticas públicas de inclusão a população que tem problemas visuais não consegue ser inserida nesse contexto. Isso porque o processo de urbanização dos grandes e pequenos centros, não é idealizado com o objetivo de reduzir as diferenças existentes, como pode ser visualizado na citação abaixo:
“De acordo com a convenção internacional para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas com deficiência, chamado de convenção de Guatemala, conceitua-se “deficiência†por “uma restrição fÃsica, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico ou social (art. 1, nº. 1)â€.
Diante de tamanhos obstáculos a cidade de Salvador possui um modelo urbano excludente, já que a maior parte da cidade não oferece condição satisfatória de inclusão. As bibliotecas, os telefones públicos, os passeios, as escolas, ruas e etc, em sua maioria não são bem estruturados para esse tipo de pessoas.
Modelos de inclusão nos setores sociais
No decurso de muitos anos os cegos tidos como minorias polÃticas, não tiveram oportunidades de ter uma boa educação vivendo sob o domÃnio de regras impostas pela sociedade, sendo assim excluÃdos, marginalizados, vÃtimas de preconceito e discriminações no geral, logo foram e são considerados como seres humanos totalmente incapazes. Apesar de o tempo ter sido modernizado através de aparatos tecnológicos, o preconceito e a marginalização sobre quem possuem deficiência visual ainda prevalece. Mas tais exclusões apesar de especulativas e predatórias não impedem totalmente a inclusão social, e algumas conquistas alcançadas ao longo dos anos em diferentes atividades , na verdade, precisam ser revistas e repensada no que tange suas estruturas, como nos mostra a citação abaixo.
“O relacionamento entre escola para cegos e inclusão é uma questão que precisa ser exposta e considerada, não apenas como base, em formulações teóricas de concepções idealÃsticas de fatos e de situações vivenciadas pelos cegos em nossos dias.â€
Atualmente temos a escola regular e especial que proporcionam atendimento educacional às pessoas com tal deficiência. As ações educativas desenvolvidas nas escolas regulares e especiais procuram habilitar as pessoas para o desempenho de atividades consideradas normais no cotidiano. Essas instituições especializadas oferecem cursos nas áreas de ensino profissional, ensino musical e práticas educativas, proporcionando, melhores condições de realizações pessoais, nesse sentido, facilitando o processo de inclusão social em diferentes grupos, exemplificada no trecho abaixo:
“Essa integração se concretiza a partir da oportunidade de inclusão na escola, onde deficiências inerentes à incapacidade visual são minoradas, compensadas e/ou superadas, através da educação, tornando as pessoas cegas eficientes e produtivas, de acordo com as suas potencialidades.â€
Tal processo de integração e inclusão social relaciona-se diretamente com uma educação de boa qualidade que possa ter sido dada na escola, o que certamente favorece em pleno desenvolvimento a personalidade dos deficientes, habilitando-os a melhores condições de integração e inclusão. Pode-se reconhecer que a educação dá oportunidade para tais pessoas saÃrem de uma condição marginal e iniciarem seu processo de inclusão na escola especial. Segundo o site UCB Brasil, tal inclusão não de faz com facilidade, pois, são muito limitadas as oportunidades de mercado de trabalho, não só pelos preconceitos, discriminações e descrenças estereotipadas sobre deficientes da visão mas, também pela impossibilidade de desenvolver atividades que essencialmente, dependem do sentido da visão. É evidente que as escolas especiais são para poucos. A maioria dos portadores de deficiência não tem acesso a esse tipo de educação, ora por não ter tido condições financeiras de freqüentar essas instituições especializadas, ora pela quantidade diminuta de tais entidades. Todas as entidades no Brasil voltadas para o atendimento das pessoas deficientes da visão partiram de iniciativas de pessoas cegas, interessadas em dar oportunidade de educação e trabalho. As oportunidades existentes no mercado de trabalho são escassas. A exclusão nos empregos é freqüente. Esta situação ocorre independente dos cargos a serem ocupados, ou seja, a discriminação começa do operador de elevador e vai até um alto cargo executivo. O potencial do deficiente visual tanto para a aprendizagem escolar, quanto para a inclusão na sociedade supera suas aptidões e suas capacidades. “O sentido de visão é o bem mais sublime que Deus deu ao homem†esse ditado popular na verdade afirma o que a sociedade vê com relação aos deficientes visuais, seja na escola, no mercado de trabalho ou no âmbito familiar. Só quem tem olhos vê, e quem tem não repara, como cita José Saramago no livro Ensaio sobre a Cegueira.
Deficiência visual e os cÃrculos da comunicação
A forma de socialização do indivÃduo interfere na produção de diferentes saberes. São eles: O idioleto, dimensão doméstica ou familiar, dimensão teórica ou polÃtica, e globalização. Os indivÃduos que possuem uma determinada deficiência são incluÃdos de formas diferentes nos cÃrculos de comunicação. O idioleto é a etapa ao qual o indivÃduo aprende a linguagem social, começando pelos murmúrios inerentes a capacidade do ser humano na produção de sons para se comunicar. Quando o cego é submetido a conhecer o idioleto, a aprendizagem da linguagem e dos murmúrios acontece por outros sentidos de percepção. A audição e outros órgãos sensitivos tornam-se mais aguçados, se adequando ao cÃrculo da comunicação.
“A esfera primária dos sinais indiciais constituem antes a base permanente de nossas relações, e a condição mais geral de nossos desempenhos comunicacionais .â€
Os deficientes visuais começam a ser excluÃdo na primeira etapa da esfera de comunicação, o idioleto. A dimensão familiar e doméstica vem reforçar a idéia de rejeição dos deficientes, dando continuação ao processo iniciado no idioleto. Hoje a exclusão social ocorre de uma forma mais amena devido a interação comunicacional e a criação de polÃticas públicas para inserir os cegos no meio social. A estrutura urbana não permite a inclusão destes indivÃduos nos diferentes espaços urbanos, aumentando assim a exclusão desta minoria na sociedade. O CÃrculo Teórico PolÃtico é um saber que tem a função de questionar as verdades absolutas. As idéias de sociedade perfeitas, sem defeitos e anomalias, se constituÃram um determinante para o convÃvio social, visto que a sociedade não os aceitam nem está preparada para conviver com tais deficiências, pois a maneira de manter a utopia da perfeição, é excluindo aqueles que não estão no padrão idealizado pelo poder, ou seja, é como se eles fossem incapazes se adaptar devido a deficiência. Em relação a globalização, os deficientes visuais ganharam espaço na sociedade. Na educação a inclusão ocorre com utensÃlios de programas de computadores. As pessoas que possuem limitação visual, não ficaram de fora desta revolução da informática. Os primeiros indivÃduos portadores de cegueira, foram treinados para trabalhar na área de informática, com aceitação por parte das empresas, isso ocorreu por volta de 1970. O computador e os seus periféricos (scanner e impressora) proporcionaram a realização de diversas atividades que antes eram consideradas impossÃveis para os deficientes visuais, eles passaram a fazer tarefas como impressão de textos em braile ou em tinta e até mesmo lendo através de um sintetizador de voz. Existem diversos programas que por meio da sÃntese vocal, possibilita um aproveitamento dos recursos da tecnologia moderna. No Brasil foi desenvolvido um dos melhores programas de gênero, o Dosvox que tem a vantagem do baixo custo. O objetivo do programa foi criar um ambiente que fosse um tanto que amigável para a pessoa que possui limitação visual auxiliando-o. A difusão aconteceu em larga escala, e hoje possui inúmeros usuários devido a acessibilidade. Outra medida providenciada pelo governo é o método de cotas em que as empresas são submetidas por intermédio da Lei nº8. 213, de 24 de julho de 1991, a reservar 2% a 5% de vagas de empresas que possuam um quadro na proporção de 100 funcionários.
Conclusão
Finalizamos com a perspectiva de que a inclusão social é um fator que deve ser trabalhado não só por instituições governamentais, mais pela mÃdia e pela sociedade. A exclusão é proveniente da falta de recursos, informação e da criação de uma maquiagem mental feita pela mÃdia. Viver crendo que o mundo é estruturado pela beleza é utopia, achar que deficiência é uma caracterÃstica existente e pode ser eliminada assim como a pobreza, a diferença entre as classes e de gêneros é só mais artifÃcio de manipulação. A sociedade necessita ser conscientizada, é preciso informar para acabar com antigos conceitos existentes, tais como a incapacidade e ingerência de pessoas com algum tipo de deficiência. Os investimentos devem ser feitos, mais escolas especiais, melhor estruturação do espaço urbano, projetos de inclusão social, enfim polÃticas públicas de igualdade que consigam deixar de ser projetos e passem a ser uma estrutura de inserção.
Ensaio feito por: Fagner Abreu, Claudiana Santos, Jessica Brandão, Livia de Jesus, Manoel Artur, Luciana Amancio, Monique Moura, Priscila Bastos e Ricardo Follador em um Trabalho de Teorias da Comunicaçao do Professor Mauricio Matos.
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