Paraty precisa decidir que turista deseja receber, afirma Domenico De Masi, na versão aberta ao público do evento REFLETINDO O BRASIL que aconteceu na Casa de Cultura da cidade, sábado, dia 23 de março. Isto dito enquanto apresentava e oferecia ao povo paratiense, em sociedade ao Grupo Oca, o modelo que vem construindo faz 20 anos no sul da Itália, sua terra natal – O TURISMO PARA OS RICOS.
Seguindo a trilha aberta pela FLIP, evento cujo sucesso junto aos ricos Domenico citou como confirmação da vocação da cidade em servir aos ricos, a idéia é intensificar essa escolha ao ponto de, a exemplo do que ocorre em Ravello, franquear a cidade a elite:
• Os ricos não sujam a cidade.
• Os ricos não causam confusão.
• Os ricos não se misturam com os pobres.
• O padrão sócio-cultural exigido pelos ricos elevará o padrão de toda a cidade, supondo que forçará o poder público a investir na formação instrumental da população, que se beneficiará da oferta de emprego gerada por esse turismo.
• Os pobres precisam dos ricos, conclui.
Mas o evento não se limita a sua forma, existe ainda o conteúdo... cito:
“(...) uma dinâmica utilizada no sul da Itália, em Ravello, uma pequena cidade na costa amalfitana, e utilizada há vários anos por Domenico De Masi, surge como ideal de realização. (...) Utilizando o mesmo desenho italiano, foram convidadas pessoas diferentes, altamente qualificadas e capazes de refletir sobre o momento atual da evolução brasileira,â€
Considerando os critérios de realização (utilizando modelo europeu), o público alvo (a elite) e o local de realização (Centro Cultural público) percebo de cara a repetição clássica do que se nos impõe desde sempre, e que parece ser a única maneira de agir da elite: por eles, para eles, se apropriando do bem público e da opinião pública. Generalizando a todos aquilo que é bom, certo e aceito por eles, para eles e a pesar dos outros...
Para concordar com o carÃssimo Domenico, de fato, o povo paratiense precisa escolher o modelo de turismo que deseja para si, mas não entre ricos e pobres, que generalidades só servem a manipulação – nós, que não desfrutamos da alta cultura, sabemos que existe todo tipo de pessoa mesmo entre ricos e pobres – mas sim, que tipo de riqueza desejamos receber e enaltecer entre nós.
HÃ QUE SE DISTINGUIR ENTRE TURISMO RICO E TURISMO CARO...
De passagem:
• Se a alta cultura não suja a cidade, joga seus dejetos nos rios e mares, coisa que os nativos originais, em sua baixa cultura, jamais pensariam em fazer...
• Se os ricos não causam confusão nos lugares onde passam, a especulação imobiliária, o aumento do custo de vida, a competição que se impõe com sua chegada acaba com a paz da cidade...
• E a tristeza dos ricos pode não estar estampada em sua tez, mas está no rastro que sua cultura de méritos, segregação e alienação impõe onde chega...
• Precisamos todos uns dos outros. (mas, olhando a alta cultura é fácil perceber o quanto ela se constrói historicamente montada no trabalho daqueles que não são elite. Retire todos os pobres, toda a baixa cultura de suas funções junto a alta cultura e vejamos quem precisa de quem...)
O pobre não precisa do dinheiro do rico, precisa de seu respeito, do reconhecimento de sua humanidade.
Percebo um novo modelo sendo construÃdo entre a minha gente, pobres ou ricos, não com palavras e idéias, conceitos e generalizações, divisões de classe, mas com ações, escolhas, atitudes que negam repetições convencionadas pela elite histórica. Muitas vezes reveladas na negação a padronização, na informalidade, no descompromisso, na quebra de protocolo..
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