Ìgbà: Uma complexidade sutil do fazer simples

Fotografia: Marcius Andrade
Coletivo Moebius - "Ìgbà: exercício de contemplação".
11
Processo C3 · Porto Alegre, RS
27/8/2015 · 11 · 0
 

Ìgbà: Uma complexidade sutil do fazer simples

Wagner Ferraz*


No dia 24/06/2015, às 20 horas, assisti “Ìgbà: exercício de contemplação”, do Coletivo Moebius, no Teatro Renascença (Porto Alegre/RS).

De certa forma penso que eu não deveria escrever nada, fico com medo de acabar com a potência do trabalho com minha escrita. Mas por outro lado resolvo escrever por me sentir atravessado por uma complexidade sutil do fazer simples. Quero dizer que o fazer dançante desse espetáculo está investido de uma complexidade simples, algo paradoxal, que ao mesmo tempo em que é complexo, repleto de esforço, pesquisa, estudo, experimentação de um longo tempo de trabalho, se dá também de forma simples, sutil e suave...

Com isso consigo pensar a potência da simplicidade, não do senso comum onde se pensa, tantas vezes, o simples como “menos”, mas sim, trato aqui o simples como o modo de fazer algo desapegado de exageros, de excessos, de Ctrl + C e Ctrl + V que tantas vezes são JOGADOS em cena como modo de dar conta de um processo coreográfico. Mas sim, repito, trata-se da potência da simplicidade. Em “Ìgbà: exercício de contemplação” somos pegos já pelo título, pois assistir esse espetáculo vem a ser uma experimentação, um convite a exercitar a contemplação. Dar tempo aos instantes, parar, observar, viver o que se dá...

A música é fantástica, impossível escrever sobre, pois a trilha deve ser ouvida. A luz dá visibilidades aos fluxos dos movimentos realizados e em outros momentos nos cega. O figurino, simples e com linhas orgânicas que se movimentam com o dançar dos corpos. Bailarinas, corpos dançantes no solo que transitam entre as variações que se dão no todo.

Penso que seria de extrema importância assistir esse espetáculo várias vezes, pois se trata de um exercício. Então, exercitar a contemplação de uma dança coloca em movimento as durezas de assistir algo esperando decidir se é bom ou ruim, se é certo ou errado, se é melhor ou pior... Trata-se do tempo que se dá para viver os instantes de contemplação...

Parabéns ao inteligente e talentoso Douglas Jung pelo fantástico trabalho, parabéns aos bailarinos, técnicos e produção. Sucesso sempre!

http://dancedancebr.weebly.com/textos/igba-uma-complexidade-sutil-do-fazer-simples




*Wagner Ferraz é um dançante, pesquisador e performer. Coordenador dos Estudos do Corpo, Revista Informe C3 e Coordenador Editorial da Canto. Já organizou e escreveu alguns livros que podem ser encontrados em http://canto.art.br/canto-editorial/. Atua como professor em cursos de Pós-Graduação lato sensu na área da Educação na UFRGS e CAPACITAR e professor do Curso de Tecnologia em Dança da UCS. Contato:wagnerferrazc3@yahoo.com.br.

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