Na década de 40, enquanto o mundo sofria com os tormentos da segunda Grande Guerra, no sertão de Sergipe, mais precisamente na pequena cidade de Nossa Senhora da Glória, uma menina de pouco mais de 10 anos, alheia ao destino da humanidade, brincava com cores e papel. E, mesmo diante de sua cinzenta e árida paisagem, mergulhava absorta num universo colorido de formas suaves e tranqüilas. A menina fabricava sua própria tinta. Fazia-a do papel de seda e do crepom molhados. Do sumo da faveira, produzia a tinta verde que faltava às duas paisagens, utilizava leite de manga para dar brilho à cor e pintava o Sertão. Assim nascia a artista plástica Maria Oliveira Barreto, sorvendo cores do próprio ambiente árido sertanejo para recriá-lo mais bonito.
A partir de então, cores e formas passaram a impressioná-la cada vez mais e descobriu-se artista, capaz de colorir o mundo. Tudo ao seu redor passou a lhe pedir cores e a tudo pintava: cabaças, moringas, toalhas, copos. Na década de 70, seu impulso de expressão pictórica fê-la dar vida e profundidade a compensados e duratex.
As cores com que a tudo a artista gloriense vem tingindo ao longo de sua vida refletem uma busca constante de algo que possa sublimar a mediocridade humana diária, de algo que possa tornar a humanidade melhor. “Eu pinto por uma necessidade de expressão, eu preciso pintar”, diz Maria Barreto quando se lhe indagam os porquês de sua arte. Essa necessidade tornou-se maior e mais presente quando, em 1998, sofreu uma profunda decepção e dela soube extrair forças para viver cada vez mais intensamente sua vida e sua arte. Dona Maria decidiu aperfeiçoar-se na técnica pictórica e procurou um artista plástico que conhecia para pedir-lhe que a ensinasse e, embora não obtivesse o que buscara, soube revestir-se de força ainda maior para, sozinha, construir o próprio caminho pelas artes plásticas.
Comprou telas, cavaletes, tintas e começou a explorar as possibilidades de que dispunha. Inicialmente, pintava com tinta acrílica à base de água, mas desistiu dessa técnica porque a tinta secava rápido demais. E, aplicando cores dissolvidas em óleos secantes sobre telas, perfez inconscientemente os caminhos que perfizeram os artistas da Europa no final da Idade Média. Grandes nomes como Van Gogh, Mondrian e Rembrandt deixaram imortalizadas obras-primas utilizando o mesmo óleo sobre tela e desenvolvendo novas maneiras de explorar as possibilidades dessa técnica. Indiferente a esses dados históricos e às descobertas de seus predecessores, essa nordestina aprendeu sozinha as vantagens da pintura a óleo. Isso lhe permitiu obter efeitos de grande riqueza com a cor, os contrastes de tons e o claro-escuro, pois o óleo seca relativamente devagar, com pouca alteração na cor, o que possibilita igualar, misturar ou graduar os tons e fazer correções com facilidade. Suas telas ilustram algumas formas de trabalhar essa técnica: na representação de paisagens, em combinações cromáticas e em camadas para expressar determinadas atmosferas.
Maria Barreto tem certa predileção por flores e paisagens e, quando se refere a seus quadros, afirma: “Gosto de todos como filhos”. O público, contudo, apresenta algumas preferências e as telas mais comentadas são “A casa de Antônio de Honório” e “Mariazinha”.
Sua primeira aparição pública se deu em agosto de 1999, quando, vencendo a timidez, decidiu expor duas de suas telas, “O carro de Boi” e “O farol”, no Memorial do Sertão, em Nossa Senhora da Glória. A partir de então, pedidos para que ela os expusesse novamente não mais faltaram e em março de 2000, no Espaço Cultural Deputado Djenal Queiroz, na Assembléia Legislativa, em Aracaju, houve sua primeira exposição individual: “Sertaneja retrata o Velho Chico”. Lentamente, o público está conhecendo os trabalhos dessa pioneira artista plástica do Sertão que, com certeza, está pintando seu nome na história dessa região.
Maria Barreto já expôs seus trabalhos em diversas ocasiões e eventos.
• 13/08/99 – Memorial do Sertão, em N. Sra. da Glória.
• 30/12/99 – Feira de Ciência e Cultura do Colégio N. Sra. da Glória, na AGEC, em N. Sra. da Glória.
• 29/10/99 – Sexta Especial, na AABB, em N. Sra. da Glória.
• De 15/02/00 a 10/03/00 – 1ª exposição individual “Sertaneja retrata o Velho Chico”, no Espaço Cultural Deputado Djenal Queiroz, na Assembléia Legislativa, Aracaju.
• De 07/04/00 a 17/04/00 – No BANESE de N. Sra. da Glória.
• 29/01/01 – 1ª Feira de Artes dos Municípios do Alto Sertão Sergipano (Implantação do Portal Alvorada no Município) em N. Sra. da Glória.
• De 24/05/01 a 25/05/01 – Encontro Cultural promovido pelo PET e pelo Projeto Luz do Sol, na AGEC, em N. Sra. da Glória.
• 01/08/01 – Diagnóstico participativo Local, organizado pelo SEBRAE na AABB, em N. Sra. da Glória.
• de 04/10/01 a 07/10/01 – 1º Festival de Arte, Cultura e Esporte, em Canindé do São Francisco.
• 31/10/01 – Gincana do “Cantinho da Sabedoria”, no Jardim “Pequeno Príncipe”, em N. Sra. da Glória.
• De 08/03/02 a 31/03/02 – Comemoração ao Dia Internacional da Mulher, no Espaço Cultural da Assembléia Legislativa, Aracaju.
• 17/03/02 – Instalação a Associação Cultural do Sertão Sergipano (ACSER), em N. Sra. da Glória.
Oi, Jorge. Penso que não há necessidade de colocar o título inteiro em caixa alta. O que acha?
Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 30/3/2007 18:36Corcordo. Obrigado pela força.
Poeta Jorge Henrique · Nossa Senhora da Glória, SE 30/3/2007 18:38Maria Barreto você já expôs seus quadros em outros estados?
Adriano Nascimento · Ribeirão Preto, SP 2/4/2007 18:53
Não, Adriano. Lamentavelmente, os quadros de Maria Barreto ainda continuam restritos a Sergipe, mas ela está pronta para levar seu trabalho a outros Estados.
Um abraço.
Se não foram expostos em outros lugares, pelo menos já sabemos um pouco sobre essa poeta das cores. Parabéns pelo texto.
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 3/4/2007 08:54Gostei da matéria e fiquei curiosa em conhecer o trabalho!
Roberta Tum · Palmas, TO 3/4/2007 09:47
Pois é, Roberta, tentarei trazer mais dessa artista gloriense aqui pra o Overmundo.
Um abraço.
Jorge,gostei muito da materia e do texto.Parabéns!
Um abraço!
Obrigado, Faty. Que bom que gostou.
Um abraço.
Mulher se pinta para sair e deixar a rua mais bonita.
Maria pinta o que deseja, como filhos que proteje e beija,
Acarinha e faz aparecer em cada rostinho as faces rosas
o azulzinho dos olhinhos, de uns, o verde de outras, o preto e castanhos dos mais todos e todas.
Que linda história de Maria mostrastes, Poeta Jorge.
É um prazer multicor conhecê-la por ti.
Agradecida.
Juliaura, que linda participação.
Fiquei emocionado.
Que bom me poder fazer veículo de tão gratas emoções que vão e vêm.
Obrigado.
Salve Jorge, poeta que nos enrique_ce!
Juliaura · Porto Alegre, RS 8/4/2007 22:39
Parabéns pelo texto, Jorge. Emociona-me a parte "mesmo diante de sua cinzenta e árida paisagem, mergulhava absorta num universo colorido de formas suaves e tranqüilas"
Muito obrigado.
Obrigado, David, pelo comentário. Fico muito contente em vê-lo aqui participando do Overmundo. É um espaço magnífico e é muito importante sua interação.
Ah! realmente, Maria Barreto conseguiu/consegue, de uma maneira surpreendente, retirar da aridez de uma realidade bastante adversa uma leveza e uma beleza que transmite ao apreciador de suas telas uma grata suavidade.
Gostei da matéria, pois Maria além de artista é nossa amiga e merece todo nosso apoio como glórienses que somos.
LUIZCORDELISTA · Nossa Senhora da Glória, SE 18/5/2007 06:23
Grande Luís! Você, finalmente por essas bandas de cá!
Maria é artista, é gloriense e é amiga, merece, pois, todo o nosso apoio, todo o nosso aplauso.
Um grande abraço.
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