MÍDIA E SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Final

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Acúrsio Esteves · Salvador, BA
10/5/2007 · 32 · 0
 

CONCLUSÃO

Refletir sobre a infância é uma tarefa difícil, principalmente nos tempos atuais onde as mudanças sociais, principalmente os seus aspectos condenáveis, se processam em proporções geométricas, e a tomada de consciência, a absorção destes conteúdos por parte da família e educadores em proporção matemática. Esta dificuldade se agiganta quando ousamos falar em sexualidade, porém, o enfrentamento deste e outros obstáculos constituem tarefa da família, igreja, escola e o estado.
Os caminhos a serem percorridos pelos citados segmentos sociais, especialmente pela escola, na direção da resolução destes problemas, devem sempre levar em conta uma nova e atual leitura sobre a infância, pois a dinâmica das mudanças assim o exigem.
A sociedade neoliberal “inventou” uma criança de perfil consumista, em total desacordo com os valores preconizados por todas as pedagogias sejam elas progressistas ou tradicionais ou com as teorias do desenvolvimento sexual sejam elas freudianas ou lacanianas. Este perfil traduz um desacordo na concepção moderna de infância, no intuito de atender única e exclusivamente os interesses da Indústria Cultural.
Diversos autores chamam a nossa atenção para o “furto da infância”, a "desinvenção da infância na pós-modernidade", o “amadurecimento precoce”, a “infância roubada” a “queima de etapas” e tantos outros termos que traduzem a mesma preocupação. A usurpação dos direitos da criança ser criança e a sua projeção prematura no mundo dos adultos.
As cobranças sociais são enormes e as crianças não podem arcar sozinhas com este ônus, elas não têm condição de, como Atlas, suportar nos ombros o peso do mundo. Acabam como Prometeu, acorrentado sob o jugo implacável de uma águia que diariamente lhe dilacera o ventre e devora as entranhas. Elas precisam do apoio e da orientação daqueles que as rodeiam e em quem confiam, para que se tornem Atena e com sabedoria e coragem trilhem seus próprios caminhos. Faz-se necessário que cada um de nós viva e goste de viver o seu próprio tempo, inclusive e principalmente as crianças, pois segundo Caetano, ”cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Isto pode ser aprendido. Logo, pode ser ensinado.
Não se trata aqui de simplesmente execrar ou emitir um juízo de valor em relação às programações e produção musical da mídia radiofônica ou televisiva, mesmo por que estes meios também produzem mesmo que raramente programação de qualidade, mas de questionar a responsabilidade principal da família, da escola e da sociedade como um todo frente a estas situações. Estes aparelhos de controle social são regidos pelas leis de mercado dentro de um sistema capitalista, logo pragmático. Estão cumprindo o seu papel de controle social. Cumpramos também o nosso de educadores pais e mães, de defender as nossas crianças, mediando esta difícil relação predatória.
A constatação da pluralidade de significados possíveis de serem apreendidos/construídos no decorrer da emissão/recepção midiática possibilitaria uma compreensão mais orgânica e menos determinista dessa relação. A escola não deve competir com a TV, mas travar com ela um jogo dialético (MARCONDES FILHO, 1988).

O papel das instituições família e escola deve ser o de educar humanizando, para que as crianças, sejam filhos ou alunos, possam fortalecer-se e adquirir o discernimento necessário para combater de “per si” os abusos ideológicos engendrados contra eles pela indústria cultural. Aí também está compreendida a obrigação de se viabilizar uma vida adulta bem equilibrada, baseada em princípios éticos e morais onde o respeito ao próximo e a aceitação das diferenças sejam valores comuns e presentes nas suas vidas.














REFERÊNCIAS

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FREUD, Sigmund. A Educação e as Ilusões (psico) Pedagógicas n. 16. Porto Alegre: Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, 1999.

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MARCONDES FILHO, Ciro. Televisão: a vida pelo vídeo. São Paulo: Moderna, 1996.

NEGRINE, Airton. Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil. Porto Alegre: Prodil, 1994.

PIAGET, Jean. O Nascimento da Inteligência na Criança. Rio de Janeiro: Zahar,
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____________. A Construção do Real na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
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RIBEIRO, Jucélia. "Brincar de osadia": sexualidade e socialização infanto-juvenil no universo de classes populares. Rio de Janeiro: Cad. Saúde Pública, 2003,
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STEINBERG, Shirley & KINCHELOE, Joe. Cultura Infantil: A construção Corporativa da Infância. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
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