O colecionador de paisagens

Philippe Debled
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Pedro Santos · Estônia , WW
25/5/2012 · 1 · 0
 

A sede de descoberta levou o fotógrafo Philippe Debled aos lugares mais inóspitos do planeta. De leste a oeste do mundo, pelos cinco continentes, o belga de 44 anos pode se orgulhar de ter visto coisas que a maior parte das pessoas jamais irá ver.
Hoje, radicado em Florianópolis, Debled trabalha como fotógrafo de natureza. Os anos viajados lhe instigaram a realizar uma busca que ele sabe ser impossível: capturar na máquina um lapso, uma ideia, um instante da paisagem natural que nem mesmo a melhor lente conseguiria aprisionar.
A vontade de abraçar o mundo sempre acompanhou o fotógrafo. Quando pequeno, Debled tinha a mania de girar aleatoriamente um globo terrestre e pousar os dedos no país em que a bola parasse de girar. Fazia um exercício de imaginação, tentando entender como seria a paisagem, a cultura e a língua de lugares que para ele já não eram apenas nomes em um mapa.
Aos 12 anos, Debled ganhou dois presentes que marcariam sua vida.
“Ganhei um livro de ilustrações do mundo selvagem na Amazônia e uma máquina fotográfica Yashica. Imagine: uma máquina fotográfica para registrar as mesmas belezas que eu via naquele livro. Foi um grande diaâ€, relembra.
O exercício fotográfico se deu com o tempo. Autodidata, Debled conta que tudo o que aprendeu está nas viagens que fez. “São lugares que estão ali. Basta as pessoas irem.â€
Após os milhares de quilômetros percorridos, depois de reunir aventuras por Istambul (“a porta de saída da Europaâ€), Himalaia, Vientã e Tailândia, Debled chegou a Florianópolis.
“Eu optei por não saber nada de Florianópolis porque queria conhecê-la por mim mesmo. Ao olhar aquela imensa lagoa eu já soube que seria meu destino finalâ€, conta em um português bem articulado.
Viveu na Lagoa da Conceição com a família brasileira – a esposa Júlia, a filha do casal e a filha do primeiro casamento de Júlia. Parecia o cenário do final feliz. Mas estava longe disso.
Viciado em álcool e drogas, Debled viu o fundo do poço se aproximar em alta velocidade. Os excessos fizeram parte da vida dele por mais tempo do que seu corpo foi capaz de suportar. Começou com azias, inchaços nas juntas, tremedeiras e diarréias sangrentas. Até que ele conheceu o Alcoólicos Anônimos e sentiu que poderia se recuperar.
“Parar até que é fácil. Difícil é não voltar a beber. Quando eu larguei as drogas e as bebidas, meus amigos pararam de vir.â€
Com um sopro de vida nova, Debled fez trabalhou no livro “Na Outra Margemâ€. A obra, bancada inteiramente por ele, conta detalhes das viagens ao redor do mundo e das agruras da vida pessoal. “Se minha história puder ajudar uma pessoa a largar o vício, já terá valido a pena.â€

Projetos especiais de fotografia

Hoje Debled está focado em projetos especiais. Ele chegou a trabalhar como fotógrafo especial para algumas revistas de viagem. Mas saiu frustrado por não conseguir estabelecer uma rotina de trabalho que seja reconhecido pelos empregadores. “Durante muito tempo eu trabalhei com vendas na Europa. Tenho facilidade em vender coisas, mas me vender é muito difícil.â€
Debled trabalhou no livro “Ilha de Sonhos – poesias e imagens da Ilha de Santa Catarinaâ€, de Eliana Pontes. Debled ficou encarregado de encontrar imagens que ilustrassem os poemas de Eliana sobre a Capital. “Eu fico namorando o lugar, tentando observar o ângulo mais significativo, o melhor momento para tirar a foto.â€
Agora, Debled está produzindo um livro fotográfico sobre Rancho Queimado, cidade da Grande Florianópolis que serve como refúgio escolhido por quem viajou o mundo e não quer parar.

Saiba mais:
www.flickr.com/people/philippedebled

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