Hoje teve início o VI Simpósio Internacional de Geografia Agrária, que está acontecendo em João Pessoa - PB.
O Nós Ambiente está trabalhando em parceria com o evento é trará nesse portal os principais pontos e temas que estarão sendo abordados no seminário.
Hoje, a mesa de abertura teve por tema “Memória da Luta pela Terra no Nordeste do Brasil” e reuniu grandes nomes do movimento de luta pela reforma agrária:
Elizabeth Teixeira, viúva de Pedro Teixeira, líder das Ligas Camponesas na Paraíba assassinado no dia 2 de abril de 1962, conta sua história de luta assumida após ter perdido seu marido. São muitos anos de perseguição e força na resistência pelo direito à terra, consagrado a todos constitucionalmente.
"A Mulher Marcada para Viver", nacionalmente famosa pelo filme "Um Cabra Marcado para Morrer", que conta a história de seu marido, Pedro Teixeira, um nome que jamais será esquecido na luta agrária no Brasil, que enfrentando tudo e todos promovia no seu dia a dia mais do que um ideal, uma proposta para mudar o brasil, A REFORMA AGRÁRIA.
Fugiu após a morte do marido, passou fome, foi professora em troca de comida, ajudou a organizar como pode as ligas camponesas do Nordeste, e após aceitar participar do Filme que contava suas historias, encontrou forças para procurar novamente seus 11 filhos, que estavam espalhados por diversos lugares do brasil e de Cuba.
Elizabeth segue firme na luta, e nos ensinando que o impossível é possível, e é uma das propostas para o brasil que queremos!
Outra grande figura que marcou presença na noite de hoje foi Maria da Soledade Leite, representante do (Sindicato Margarida Maria Alves), ela repassou aos presentes no SINGA João Pessoa um pouco da história da mulher que deu nome ao sindicato, Margarida Maria Alves, mulher percursora na defesa dos direitos dos trabalhadores do campo no estado da Paraíba. Margarida viveu em um período onde os coronéis dos engenhos de cana e grandes latifundiários ainda dominavam o interior do estado, exercendo seu poder politico sobre todos, inclusive sobre a justiça. “Ela lutava para que os trabalhadores tivessem direito à sítios, os pequenos pedaços de terras que dariam aos trabalhadores, possibilitando a eles poderem plantar e comer, e deste modo dar uma condição de vida digna a família.
Margarida Maria Alves foi assassinada no dia 12 de Agosto de 1983, após de mover mais de 70 ações na justiça trabalhista do estado da Paraíba, latifundiários locais resolveram dar fim à sua luta, Margarida tombou ao solo, mas ergueu-se um mito na luta agrária pelo Brasil, onde seu lema de “É melhor morrer na luta do que morrer de FOME!” é seguido até hoje pelas ligas camponesas e diversos movimentos.
Maria lembra ainda que anualmente é realizada a Marcha das Margaridas, onde mulheres de todos os estados e locais do país, ocupam a capital federal lembrando a todos que a luta pela reforma agrária continua viva e pulsante!
A terceira grande mulher da mesa era Maria José Marinheiro, uma das lideranças indígenas dos Tumbalala, tribo que vive na Bahia, no municipio de Abaré, as margens do Rio São Francisco, e que são impactados diretamente pela hidrelétrica.
Os Tumbalala ao passar dos anos aprimoraram seus métodos de agricultura e criação de pequenos animais as margens do São Francisco, e deste modo garantiam sua subsistência, mas com a construção da hidrelétrica de Sobradinho, eles tiveram que mudar drasticamente seus modos de vida, onde antes eles criavam os animais em ilhotas dentro do rio, tiveram que abandonar esta prática, pois podem ir dormir com o rio seco e acordar com ele cheio, já que quem controla o processo de vazão do Velho Chico é a CHESF (Companhia Hidrelétrica do Rio São Francisco).
Em seu discurso, Maria abordou parte das lutas travadas pelos Tumbalala, contra os projetos de transposição do Rio São Francisco, que, dentre inúmeros outros problemas, prevêem a construção de mais duas barragens, privatizando assim o direito público do acesso a água, quando empresas ligadas ao governo passam a decidir sobre quais áreas seriam interessantes estarem irrigadas e em quais momentos, acabando assim com uma grande parte da agricultura famíliar e de subsistência centenária que vem sendo feita as margens do Velho Chico.
Também esteve presente na mesa Manoel da Conceição, Liderança Camponesa conhecida internacionalmente pela vida de fugas e resistências, sobrevivendo a massacres, a torturas, a cadeia, e principalmente a Ditadura Militar.
Nasceu no estado do Maranhão, e cresceu junto a família na lida com a terra, ainda rapaz ele viu de perto o poder dos latifundiários, e também da morte.
Sobreviveu ao primeiro massacre de sua vida, onde mais de 20 jagunços a mando de Manacés Alves de Castro promoveram uma chacina em um acampamento de trabalhadores sem terra, onde jovens, idosos e até crianças foram mortas, Manoel sobreviveu, mas passou a carregar consigo a cicatriz de um tiro que tomará na terra, de lá pra cá esteve envolvido em vários confrontos com a polícia e também com jagunços a mando de grileiros, sempre na luta pela reforma agrária.
Já na ditadura, foi diversas vezes preso e severamente torturado, sendo que em uma dessas tomou um tiro na perna, efetuado por um policial, e foi levado preso sem atendimento médico, após 7 dias na cadeia sua perna em grande parte gangrenou, e Manoel não teve alternativa a sobreviver a não ser amputá-la.
Mesmo deficiente, mas sem uma das pernas Manoel não cessou as lutas, e marcou a história da luta pela reforma agrária no Maranhão, quando o então governador José Sarney havia oferecido bens financeiros para que ele se calasse, e então ele proferiu sua mais famosa frase: “Minha Perna é Minha Classe”.
Manoel hoje se dedica as atividaddes da CCAMA (Central de Cooperativas Agro-extrativistas do Maranhão). e continua vivo e como um dos maiores articuladores nacionais na luta pela reforma agrária.
“Não há fome onde os trabalhadores estão assentados.” Com essa frase Frei Anastácio marcou sua participação na noite.
Ele foi um dos fundadores da pastoral da Terra na diócese de João Pessoa - PB, tendo grande atuação de base e também política ao longo de sua vida, fatos estes que os levaram a ser Superintendente do INCRA-PB - Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária da Paraíba e tambem presidente do PT no Estado da Paraíba.
Com um grande histórico de atuação política pela reforma agrária na Paraíba, o Frei franciscano e Dep. Estadual Anastácio Ribeiro traz para o debate suas experiências sobre a luta da reforma agrária, abordando pontos desde a importância da organização da classe dos trabalhadores rurais em lutar pela reforma, até como isto é discutido dentro do governo, sobre sua ótica também de Deputado.
Em seu discurso aborda a importância de olharmos mais e abrirmos mais espaço para os movimentos de luta pela terra, para que haja justiça social em nosso país.
Essas foram as principais histórias registradas durante o primeiro dia do evento. Curta a página do SINGA no facebook e acompanhe a cobertura completa: www.facebook/singa.joaopessoa
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