Religiosidade nas ruas de São Jorge

Marcelo Scaranari
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Illyana · Goiânia, GO
24/7/2006 · 11 · 1
 

A Vila de São Jorge se encheu de fé e misticismo durante a tarde de 22 de agosto. No ritmo do apito do Capitão Júlio, líder do Terno de Moçambique, da cidade de Perdões (MG), com seus instrumentos típicos e ladainhas religiosas, o grupo mineiro se prepara para abençoar o lugar, as casas, os moradores e principalmente o VI Encontro de Culturas, que será aberto oficialmente esta noite.

Antes de sair com a procissão, Capitão Júlio protege seu neto, João Paulo, de 10 anos, colocando ao redor de seu corpo uma "armadura" representada por colares de contas coloridas. "O colar é preparado para defesa", explica o Capitão. "Um menino dessa idade não pode dançar no Terno sem uma cobertura. Ele tem que estar com alguma coisa branca na cabeça, pode ser um chapéu, ou um lenço".

Uma aura religiosa contagiou a todos os que seguiam com o Terno, quando Capitão Júlio ergueu o estandarte em louvor a Nossa Senhora e abençoou a todo o grupo, com a prece "A bênção Pai Nosso e Ave Maria para São Benedito que é nosso guia". Ao começar o aquecimento, todos os participantes dançam com vigor, balançando suas "campainhas", instrumentos musicais que se parecem com chocalhos pendurados nas pernas dos dançarinos.

Capitão Júlio canta: "Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo", e todo o Terno, formado por 20 homens, além de João Neto, responde: "Para sempre seja louvado". Bênção concedida, o grupo sai pelas ruas, despertando a curiosidade dos moradores e visitantes do lugar, que se apressam para fotografar e seguir o cortejo. "Tem um significado religioso muito grande. Nós procuramos não apenas dançar e mostrar o grupo, mas principalmente pedir a benção para o lugar", afirma "Seu" Júlio.

Ao fim da procissão, o Terno de Moçambique seguiu com seus acompanhantes para a Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge e se encontrou com Juliano George Basso, coordenador geral do Encontro. Juliano já os aguardava na porta do lugar, segurando um bastão de madeira, amarrado com um lenço branco, idêntico ao carregado durante todo o tempo por Seu Júlio. Símbolo de poder na tradição do Terno, o bastão só é tocado pelo Capitão. Magno Cardoso, filho do Capitão e integrante do Terno de Moçambique, afirma desconhecer o motivo que leva o ritual a ser exclusivamente masculino. "Meu pai não gosta que mulher encoste no bastão. Isso é coisa deles que são mais antigos", explica.

De acordo com Capitão Júlio, o Terno de Moçambique é uma tradição familiar, que hoje se encontra na terceira geração. "Meu avô foi o fundador da Festa de Congado na cidade de Perdões. Ele foi o primeiro Capitão do Terno, passou o bastão para seu filho mais velho, que depois passou para mim", conta. "Isso tem uma essência muito grande, é uma coisa de muita responsabilidade, uma ciência, não basta apenas querer", conclui.

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Edson Wander
 

Ilyana, legal o registro. Só corrija a data, acho que você quis dizer 22 de julho né ?
Abraço,
EW

Edson Wander · Goiânia, GO 26/7/2006 12:01
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