Tonho Crocco: noites de primeira às segundas-feira

.joca san.
.tonho crocco ativando a segunda-feira carioca.
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joao xavi · São João de Meriti, RJ
4/9/2009 · 29 · 1
 

Multidões já cantaram em altos brandos que “todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite”. Dizem ainda que “a voz do povo é a voz de Deus”. Se estas duas afirmações são verdadeiras elas se complementam e eu, diante de tanta magnitude, as aceito de bom coração. Acredito de verdade que os embalos de sábado à noite tem mesmo um tempero em especial. Mas e de uma segunda-feira em pleno inverno carioca, o que se pode esperar?

Os termômetros que costumam pingar de suor apontavam desafiantes 14° graus, temperatura que inspira qualquer típico morador da Cidade Maravilhosa a se enjaular e permanecer debaixo das cobertas dentro da própria toca. Ignorei o frio, e devidamente encasacado parti em direção ao Cinematèque Jam Club. O bar no bairro de Botafogo foi, ironicamente, aquecido por um gaucho! Tonho Crocco é o nome do “heating” que devolveu ao Rio o calor na medida que a terrinha está acostumada.

Tonho passou os últimos 17 anos atuando como cantor e compositor da Ultramen, banda com a qual realizou 5 discos e inúmeros shows. Com o fim da banda o vocalista mudou-se para Nova Iorque onde, sem planejamento prévio, acabou cometendo seu primeiro trabalho solo: Teto Solar. De volta ao Brasil, o gaudério não parou e segue ainda no estilo sem querer querendo colocando o nome no mapa e o som nas orelhas mais atentas.

No show que fez aqui no Rio, Tonho apresentou toda (boa) nova safra de composições, não deixou de lado as faixas mais swingadas da época do Ultramen, clássicos do rock gaúcho como “Amigo Punk” e ainda recheou o set-list com versões de sons inusitados dos óbvios, porém inescapáveis, Rei (Jorge Ben) e Príncipe (Bebeto) do Samba-rock. A celebração ocorreu em tão alto nível que acabou inundando a pista do modesto Cinematèque de uma energia pra lá de positiva. Resultado: cariocas, gringos e gaúchos (boa parte do público presente) dançaram até o termômetro e os pés dizerem chega! Voltei pra casa de coração satisfeito, sorriso aberto e uma imensa sensação de alívio que só me permitia pensar: puta que pariu, ainda bem que saí de casa nesta noite!

Alguns dias depois reencontrei Tonho Crocco no Clandestino, clube onde faria um DJ-set, e numa típica conversa de boteco Tonho falou dos tempos de Ultramen, das peripécias para sobreviver em Nova Iorque, do impacto da viagem em seu novo trabalho, Fela Kuti, Baben Powell... Ficou curioso? Puxe uma cadeira, peça uma bebida e acompanhe o bate-papo. Um brinde ao bom som e Saúde!

Pra começar do começo, como foi a sua história com a música? Antes de ter a primeira banda, de fazer música, como a música chegou pra você?
Resumão, né? Eu queria ser desenhista, minha piração era o desenho. Ai minha mãe viu o meu dom artístico e me botou numa aula de iniciação de música. Eu comecei a aprender flauta doce no colégio mesmo. Depois eu entrei no coral do colégio, isso eu tinha 12 anos de idade, era mais ou menos 1984. Foi só com 16 que eu comecei aprender a tocar violão e gaita de boca, tudo ao mesmo tempo em Porto Alegre. Minha mãe viu que eu gostava de arte em geral, mas daí quando eu comecei a ter aula de música eu abandonei o desenho e veio isso tudo: flauta doce, gaita de boca, violão. Aos 18 anos eu entrei no Ultramen, foi minha primeira banda. E aí, seguimos o baile...


Ouvindo a Ultramen eu sempre me liguei que haviam duas linhas no seu trabalho vocal. Rolava a coisa de MC e de cantor, o que não é muito comum por aqui. Como era trabalhar nessas duas direções?

Difícil, né cara? Geralmente o cara que canta não sabe improvisar, pode até cantar um RAP, mas de repente não tem os trejeitos, não tem aquela desenvoltura. Eu fui aprendendo violão, as músicas fácies pra tocar no violão, Raul Seixas... Paralamas... sei lá! E ao mesmo tempo meus amigos assim: “Bah! Ouve isso aí, tem que ouvir a novidade que é o RAP. Tu já ouviu isso ai? Thaíde, Racionais, MC Jack?” Tinha aquela coletânea em vinil O Som das Ruas, né? Os Metralhas, essa galera de SP. E lá no Sul também tinham uns grupos...

As músicas de RAP geralmente são batida e voz, não dá pra tocar no violão. Mas ao mesmo tempo que eu tava aprendendo música clássica, teórica, melodia, eu comecei a aprender uma coisa que não existia em nenhum lugar, só na rua ou pra quem tava comprando os vinis e gravando as fitinhas K7. Ai já comecei a decorar as letras, depois fazer minhas letras e só depois comecei a improvisar. Foi uma longa história e é um diferencial também. Eu tenho certeza disso. É mais raro ainda músicos que cantam, sabem improvisar, rappear, né? E ainda compõem e tocam um instrumento. Eu sempre curti esse lado, sou um cara que estudou leitura musical. Posso demorar três horas mais eu tiro toda partitura ali, tenho consciência disso mas acho que isso se deve a um estudo. E foi prazeroso pra mim, não foi ruim aprender música. Tem uns que acham um saco estudar, eu acho bacana aprender, estudar música. Seja ela mais clássica ou de rua.


Como foi a vivência com o Ultramen, essa história de 17 anos de banda trilhando um caminho meio independente?

17 anos sem ter estourado, né? Na verdade, estourou quando o Falcão (O RAPPA) participou da “Dívida”. E ai a banda acabou. Vou começar pelo fim, né? A gente parou na hora certa, a gente parou quando tava lá em cima e quando a coisa começou a rolar demais até. Mas no começo foi minha primeira banda, eu tinha 16, 17 anos, e a banda foi tocar ao vivo só um ano depois. A gente começou amigo e terminou amigo. Começamos juntos e terminamos juntos. Foi do caralho, foi lindo, 17 anos, 5 discos autorais. Independente a gente não era, mas a gente sempre esteve em gravadoras independentes. Foi o caso da Rock It (selo de Dado Vila Lobos), A Sum Records, a Antídoto lá de Porto Alegre. O “Acústico das Bandas Gaúchas” da MTV sim foi lançado pela Sony, e ai que a coisa começou a ficar estranha. A gente, claro, sempre quis mais, almejou sonhos e teve planos. Mas a gente foi muito feliz nestes 17 anos. Acredito que hoje em dia é possível sim viver no Brasil sendo um bom músico e não estando na mídia, mas tendo as pessoas certas ouvindo seu som e indo no seu show. Porque o grande resumo é esse, né? É a pessoa que ouve tua música, seja gravação ou ao vivo. Estes são os dois jeitos, não tem como cheirar a música ainda. E nisso a Ultramen fez tudo certo, a gente fez bons shows, gravamos bons discos tomando muito cuidado com a sonoridade, e acho que a galera respeita muito a banda por causa disso.

Lendo aquele livro “Gauleses Irredutíveis – Causos e atitudes do Rock Gaúcho” fica claro que existe uma tradição forte de rock no estado, mas a Ultramen sempre foi mais do que uma banda de rock...
Esse é mais outro trunfo da gente. Na época que todo mundo tava fazendo rock gaúcho, só uma breve explicação, os anos 80 foi o último grande boom do rock brasileiro e o RS entrou com bandas como Engenheiros do Havaí, Nenhum de Nós... e coisas boas também como De Falla, TNT, Cascavelhetes, Garotos da Rua, um monte de gente! Mas depois nos anos 90 parece que nada aconteceu. A gente sempre ouviu essas bandas, mas não queria ser que nem eles. Elas continuam num lugar sagrado pra gente.

O gaucho parece um pouco com o argentino por ter uma relação de loucura com o rock! Coisa que não tem como explicar. Talvez por ter uma colonização mais européia, e menos miscigenada como o resto do Brasil. Mas a gente tentou fugir um pouco disso. Eu gostava, mas não queria fazer rock gaúcho. O próprio Cachorro Grande hoje em dia é Beatles e Stones. Mas se os gringos tem Lenon e Mac Cartney a gente tem Vinícius e Tom. A gente (a Ultramen) começou a ouvir Tim Maia, Jorge Bem, sambas gaúchos como Lupicínio Rodrigues, Luis Vagner, Pau Brasil, Bedeu, muito reggae, coisas que nenhuma banda até então tinha feito, assim da forma como a gente fez. O próprio Luis Vagner foi o primeiro a gravar reggae no Brasil, eu acho. Mas a gente misturou tudo isso, até com rock gaúcho a gente misturou e isso foi o nosso diferencial: fugir um pouco de tudo que é padrão pra galera daquela época e daquele lugar.

O Ultramen flertava com rock mais pesado, e no teu disco já é outra onda...

É, não tem nada! A Ultramen já tinha feito rock e reggae suficiente e eu achava que faltava mais brasilidade na banda. Não ser mais gaúcha ou mais carioca, mais Brasil! Outro motivo é que eu fui pra Nova Iorque e fiquei mais brasileiro ainda, aprendi a gostar e compor mais sobre o meu chão, sacou? Daí não senti a necessidade de colocar as influências que a Ultramen já tinha usado.

Tu ouviu o disco? Na “Abre-alas” eu resolvi ir pro lado mais assim Afro-Beat. As bandas de Nova Iorque estão tudo fazendo assim também, o Budos Band que faz Funk instrumental também, o Antibalas... tem uma galera! E nas outras músicas eu vejo que tem ali Cartola, como em “Quadratura” que é uma parceria minha com Zé Luis, outro compositor carioca foda! Tem uma coisa meio João Bosco ali no “Galo de Briga”, aquela coisa meio chulé e não tão polida como ele é hoje, antigamente ele era mais roots, mais sujo, não como é hoje... eu amo o cara, e prefiro a fase antiga.

Mas antes que tu fale eu vou falar mal, a última música do disco (um remix de “Abre-alas”) não é exatamente o meu tipo de música, mas eu achei bacana fazer isso também. Fiz isso pra deixar a galera brava mesmo, botei um remix meio House de um carachamado Chris Penny, que é de Chicago, onde nasceu o House. E eu botei também pra quebrar isso, era outra coisa que a Ultramen nunca tinha feito, uma música totalmente eletrônica. Sempre tinha baixo, guitarra, bateria, teclado, percussão e DJ. Mas nunca batida eletrônica. Eu resolvi botar pra sacanear mesmo.

Eu realmente senti maior estranheza quando ouvi...
É a pior do disco, mas eu prefiro falar mal antes dos outros falarem... (risos)

E como foi essa história de ir pra Nova Iorque e fazer as coisas por lá? Você trabalhou com uma galera boa por lá, conta aí.
Bom, a banda parou depois de 17 anos e a gente terminou amigavelmente mesmo. E daí cada um foi pra um lugar do mundo. Um foi pra Irlanda, outro pra São Paulo e eu fui parar em NY. Fiquei curtindo, vendo show, show de graça e pago, Central Park todo dia... era verão, né? Comecei a compor sem parar, muitas idéias, coisas, letras, foi uma abertura de portas, percepção, pessoas. Estudei inglês, morei com um negão americano, dividi o quarto com ele no bairro do Brooklyn, que em alguns aspectos é bem parecido com o Brasil. Eles também tem um swing, uma malandragem como tem aqui. E não é uma coisa agressiva, as pessoas que interpretam mal. Eu era bem recebido pela comunidade afro-americana e latina, os chineses também, sem menor preconceito. As pessoas olham no teu olho e vêem qual é a sua.

Eu tava tocando num buteco ai veio um cara e me apresentou o Simon Katz, rolou aquela coisa de muito prazer e tal... aí ele me convidou pra ir na casa dele, mostrei as músicas e decidimos gravar. Ele me apresentou o Zé Luis Oliveira (saxofonista carioca). Daí gravamos o disco, mixamos, tudo lá... tinha uns músicos que já tocavam comigo nos butecos, e a outra metade foi músico de estúdio. Sabe rato de estúdio? Ele vem aqui, cobra barato, pega rápido, agente faz três takes e edita. Ai beleza. Fizemos tudo meio na brodagem, a mixagem foi no Legacy, estúdio que todo mundo grava: The Roots, Erika Badu. Tudo na brodagem, sabe aquela coisa? Sobrou uma horinha, a gente ia lá e mixava... os caras deram uma força, sei lá por que, vai ver gostaram do meu rostinho (risos) E resolveram me ajudar, eu não esperava por isso, não pedi isso e não fui lá pensando em gravar.

E depois que você voltou com o EP pronto, ta fazendo alguns shows por ai, no Sul, no Rio, como que ta rolando isso?
Quando eu voltei pro Brasil em novembro eu já comecei a tocar em barzinho tanto as músicas do Ultramen como as minhas músicas novas e também alguns covers, que eu nem escolho, eu decido na hora e toco desde Cartola a Tom Jobim. Quando cheguei mandei logo prensar o meu EP com esses sons que gravei em Nova Iorque, porque eu não sou bobo, né? Mandei prensar em SMD, que é aquele formato que tem que vender a R$5. O disco chegou tem algumas semanas e já vendeu quase mil cópias. Independente. As rádios que estão tocando são as que não cobram jabá e pra minha surpresa elas são muitas. Estou admirado com a quantidade de pessoas de rádio que estão recebendo bem a minha música. Gravei um clipe com a direção do Pedro Furtado, que é filho do Jorge Furtado e ator, roteirista. E o bagulho não parou, estou aqui agora tocando no Rio. Por enquanto tá rolando mais no Sul, mas já fiz alguns shows em Santa Catarina e agora estou aqui no Rio. Cara, eu voltei pro Brasil em novembro e já aconteceu coisa pra caramba! Eu acho que estou indo muito rápido até, inclusive. Se eu fosse esperar para lançar um disco nada disso teria acontecido. Por isso eu fiz um EP mesmo com essas cinco músicas.

Você prensou cinco mil cópias do EP, não é meio loucura prensar tanto assim de uma vez?
Prensei cinco mil e já to preocupado porque de repente eu tenha que prensar mais cinco. Sério cara, vende muito rápido porque o preço é justo e honesto. Eu tenho certeza que as pessoas pensam que nem eu nesse aspecto, porque eu sou tricolor, sou gremista, então tem muita gente que não pensa como eu futebolisticamente. Falando sério: acho que as pessoas querem ter o CD original do artista. Se elas puderem pagar R$5 elas vão pagar, o que não pode é isso ai: gravadora, lojista ganha pra caralho, que nem livreiro, né? Ou então, filhos da puta de rádio jabaculenta que ganha vários mil reais por mês pra tocar música americana ou as brasileiras jabaculenta, ou pagando pra não tocar os concorrentes deles. O que é pior ainda. Olha o que é a arte e as rádios no Brasil hoje. Mas temos exceções, graças a Deus.


Nessa doideira de viver na música eu sei que você também ataca de DJ, nas carrapetas, o que você toca?

Ah, eu esqueci de falar. Um dos empregos que eu tive em Nova Iorque era o de DJ num bar/restaurante chamado Miss Favela, um nome meio parecido com o Favela Chic e tal. Essa coisa de DJ eu já fazia no Brasil, mas lá eu comecei a fazer por necessidade. O pessoal precisava de um DJ que tivesse um acervo de música brasileira, mais um motivo pra minha música ficar mais brasileira. Eu tocava com tudo, vinil, CD... mas no set que estou fazendo na turnê aqui no Rio eu tenho posto um pouquinho de Afro-beat, as bandas que te falei, a Sharon Jones, pessoal do Deep Kinds, Sean Kuti, Fela Kuti, Antibalas, Budos Band. Muito reggae roots clássico tipo Gregory Issacs, Sly & Robbie e coisa nova também tipo Canaã, que é um rapper de Nova Iorque que eu gosto pra caralho e também música brasileira.

Pra fechar, a última pergunta porque você já deve estar de saco cheio...
Que nada, to adorando! Só pra registrar pra história: estamos aqui, sexta-feira, dia 24 de julho de 2009 na rua Barata Ribeiro, Bar Clandestino 111 em Copacabana, Rio de Janeiro.


E o DJ Tamenpi toca o remix de Tim Maia Racional... pô, e no teu show, além de tocar Jorge Ben, “Era uma vez um aposentado Marinheiro”, que é uma faixa meio lado B você também tocou Bebeto, que é meio deixado de lado as vezes...

Pois eu adoro! E tem outro motivo que é também a explicação porque o Bebeto faz muito sucesso no Rio Grande do Sul porque os maiores hits clássicos do Bebeto são composições do Bedeu, do Alexandre, do Luis Vagner ou do Leleco Teles. É só tu pegar ali nos vinis e acompanhar quem são os atores. O Bebeto deu uma força pra esses caras nos anos 70. Então é por isso que eu gosto pra caramba e o RS gosta do Bebeto, por ele ter dado essa força pros caras.

Pra fechar de verdade, pra quem vai esbarrar com o Tonho Crocco pelas pistas, pelos shows, o que pode esperar dessa nova aventura?
Bom, cara. Acho que a galera vai poder me ver dando canja ai pela noite, atacando de DJ ou de MC também. Mas eu espero que todo mundo veja o resultado ao vivo desse trabalho, que não é só esse EP, são 18 anos tocando na noite e peço que todo mundo tente conferir pra ver qual é a minha verdade e minhas limitações. Ver como tudo pode funcionar com fluidez, independente de estilos, estados, fronteiras, territórios, norte, sul, leste, oeste. Gaucho, carioca, nordestino, paraibano... tentar mostrar do meu jeito, meu proceder, a música ao vivo e as gravações pro cara poder degustar as letras. Mesmo falando coisas boas ou más, essa é a minha verdade mesmo.

Originalmente publicado em:
http://www.noiz.com.br

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Machintal
 

Valeu João! Gostei de conhecer um ouco mais do amigo gaúcho!
Saúde e sucesso pra todos nós!
Abração

Machintal · Niterói, RJ 8/9/2009 12:04
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