sobre o colaborador
poeta,compositora e artesã carioca, autodidata, neta de violeiro, filha de poeta popular por inspiração, casada com a poesia, amiga da lua e cúmplice dos sóis.
Loser
Perdeu, meu irmão!!!
Perdeu a noção de decência
A distãncia do tédio
A saciedade e sono bom
Perdeu, meu irmão!!!
Perdeu a leitura das luas
O sabor da esperança
A auto-crÃtica e a emoção
Perdeu , meu irmão!!!
Perdeu o rumo da ética
A alegria não sintética
A estima e a compaixão
Perdeu, meu irmão!!!
Perdeu o sorriso nato
A imparcialidade do fato
A lucidez e a imaginação
Ser “loser†é perder a paz meu irmão…
Nina.
Encorpado
Me apaixono
quando o mal é deposto,
e pelo bem disposto
pelo bem composto
pelo sem desgosto
por ares de bom gosto
pelo que é bem suposto
pelo que é bem transposto
pela honradez do rosto
pelo desapego ao posto
pelo que não é encosto
pelos mares de agosto
pelo bom entreposto
pelo doce mosto e,
pelo sexo oposto.
Nina
Tinhoso
(ao poeta Jenário de Fátima)
Rumino desde a lua prenha
De sorte deste embaraço
Um verso de muito braço
Danado como uma lenha
Ô xente! Me tragam senha
Que eu daqui quico ligeiro
No ouvido do forasteiro
O xote com tino e gosto
Seu moço,apruma o pescoço
Nesse repente tocante
Que tenho como ajudante
O chão do sertão inteiro
Um cabra novo e iletrado
Foi um poeta arretado
Vendeu os cordéis na feira
Foi fulô de gameleira
Um carcará de janela
Tanto verso põs no mundo
Que a gemedeira deu pára
Lá pros lados da Inglaterra.
Cantou em dez mil cidade
Com rabeca e humildade
Falou da infância pobre
Nobre e descalço menino
Trepado num cajueiro
Pra mode ouvir quando o sino
Anuncia a devoção
Queria o coração sem vÃcio
Apelou à padre Ciço
Por toda aquela oração
Ser famoso no estrangeiro
Ter cavalo, mulé e dinheiro
E nunca esquecer de ser bom.
Nina