Maturidade
A maturidade são as rugas,
umas dores, uns achaques.
É saber que teu pai está morto
no fundo da chácara.
Faz mais de vinte anos que escrevi este poema, mas ainda dói.
"O menino é pai do homem", disse Quincas Borba. Mas esse menino se torna homem contemplando o pai, vendo-se no pai como num espelho. Morto o pai, estamos irremediavelmente órfãos. Irremediavelmente, chegamos à maturidade.
Maturidade é saber morto o pai numa idade em que o menino se sabe orfão e não no tempo em que perder o pai o faz órfão.
MINHA OPINIÃO
NESTE COMENTÁRIO ESTÁ INCLUSO O RITO SAGRADO DA ORDEM SANTA CRUZ - PENITENTES. ( SUPERFICIAL) SEM FERIR A INTREGRIDADE DA MULTISSECULAR ORDEM RELIGIOSA.
Maturidade, a meu ver, o poeta de forma convicente faz uma associção inclusive, muita linda, com o envelhecimento, mirando a gloriosa morte no final. Um Jazigo a esperar por todos nós, esta inexorabilidade, esta fatalidade é linda, pois todos nós somos iguais na terra, túmulo, jazigo, está lá, para todo mundo ver um corpo morto, uma matéria sem movimento, a alma - Que alma que nada. A gente olha para as pessoas e está todo mundo triste. Eu fico me perguntando que tristeza é esta. Não era para ser motivo de alegria de glórias, Cadê a fé deste povo. Cadê os banquetes, os sorrisos. Somente Choro. E diante da choradeira sem fim fico me perguntando por que a morte dá uma idéia no incosnciente coletivo de fim. "Ele era tão bom, mas morreu". Como se a morte fosse um castigo divino, outros "e agora como vai ser de minha vida sem ele ou sem ela", ou por acaso nós iríamos viver eternamente ? A Fé some é tudo muito mágico, as pessoas que pedem para a gente ter fé quando "os nossos morrem" são os primeiros a chorar a morte dos seus. Eu no velório, particularmente, chamo os meus irmãos e começamos a cantar, nós cantamos mais de duas horas seguidas, as pessoas ficam ridicularizadas espantadas com tando alegria, tando entusiasmo, e na hora da ceia, aí que o espanto é grande eles comem em frente ao defunto. Como Pode? Ora é que, nós da ordem Santa Cruz- Penitentes, Glorificamos a morte, passamos de aspirante a mestre se acostumando com " Senhor dai boa vida e principalmente boa morte " A morte para nós é uma celebração de quem pode morrer", pois para nós o triste é não poder morrer, explico: uma morte incompleta, ou seja: de acidente de avião, por exemplo, sem corpo, sem a certeza, viver eternamente na dúvida e ai "fulano de tal morreu ou não" ai sim é a verdadeira morte e imaturidade, pois depois de muitos anos a pergunta fatal "E a ai morreu ou não" ? - Não sei. Ai sim, vejo a morte de verdade a morte de quem alimenta uma vida que já não vive mais, mas permanece viva na dúvida, ai sim é a plena imaturidade. Pabens grande poeta !
Comemtário inspirador desta relexão Maturidade, José Carlos Brandão Bauru (SP) Edição Overmundo Setembro,2008
seu poema, sintese de tanto e tanto a falar sobre tema tão falado e decantado, fez voltar à minha memória, fatos que jamais conseguirei esqueceer: a morte do meu pai, há 10 anos, e a sensação de orfandade, ded vazio e de perda irremediável da infância e da juventude que se foram com ele... e ador enorme da maturidade... e da saudade...
danlima · Brasília, DF 11/9/2008 14:30Super enfático o seu texto... Causa o estranhamento pr´prio de um microconto. Com uma nuance narrativa, fala mais por abreviar a sintaxe.
Bruno Resende Ramos · Viçosa, MG 12/9/2008 17:14Carlos, meu irmão poeta: meu pai era uma sujeito muito forte. Era pescador em água doce e cuidava também do roçado. Ele gostava de pitá aqueles fumo de rolo e quando à noite caia ele tratava de contar histórias. Gostava de ler, principalmente, Graciliano Ramos...lia relia o mesmo autor. Quando ele ficou doente nos assustou. Aquele homem tão sábio, tão forte era só esqueleto...o carregamos no braço. Quando ele se foi aumentou em nós o sentimento de maiores abandonados. O seu poema é um espelho, tanto que acendeu em mim a lembrança do meu velho. Bjos. Graça Graúna
graça grauna · Recife, PE 12/9/2008 23:49
Carlos,
tanta verdade em seu poemeto.
A verdadeira maturidade só alcançamos
quando perdemos o nosso pai, pois ai que
sentimos o peso de tudo em nosssa costas.
bjssssss
José,
Triste e profundamente verdadeiro.
Votado!
Abraços
Já ouvi dizer que somente percebemos que somos mortais quando nossos pais partem. É como se um véu se rasgasse e passássemos a enxergar a nossa própria existência totalmente falível e efêmera.
Gosto demais do que escreves, está sempre à vontade dentro do seu próprio estilo, decerto que alcançou sua "maturidade"
beijos
José, sintetizou em poucas linhas um extenso sentimento de perda, que pude sentir na própria pele ao perder meu pai há
quase um ano...
a gente acha que todos aqueles que amamos estão acima da Lei Maior e não nos preparamos nuca para aceitar a morte quando ela
chega sorrateiramente sem avisar...
Como disse antes, teu texto é curto mas ele carrega uma grande carga de emoção, meu caro amigo !
Fique em paz, na certeza de que eles se foram para abrirem caminho para onde algum dia todos nós nos encontraremos de novo...
Um abraço fraterno !
Alcanu
Ah, publicado !
Senti muita paz na morte do meu pai.
Amei essa sintese.
Abraços
Claudia
Tenho um poema "Quintal" que é bem isso, vamos perdendo árvores, frutos, sombras que eram vivas na infância...Perdi meu pai com 8 anos e me vi tão sozinha e isso foi mais fincado em meu coração pelo lamento de minha mãe...e a responsabilidade chegou cedo, estudar, estudar, ser, ser, andar honestamente por todos os caminhos...anos e anos, já no fim dos anos 90 me dei conta que as lamúrias não eram para meu pai e sim para que olhassemos a ela, sua carência...nos fez vítimas de um sentimento egoísta...Mas também isto contribuiu para que eu me agarrasse à saudade e aos tempos que eu tinha uma árvore...Bem, se assistiu, vale a pena Sonata de Outono de Bergman...Nada haver com seu texto,desculpe, talvez a hora...Mas mesmo tão forte e tão madura, somos frágeis...
Cintia Thome · São Paulo, SP 14/9/2008 00:14
José Carlos.
A orfandade do amor é o pior dos sentimentos. A maturidade surge quando acreditamos na eternidade, nos reencontros dos céus.Vinte anos de uma beleza que jamais será esquecida.
Abraços
Noélio
Tão sutil quanto a morte, tão doído quanto é crescer.
Lindas palavras.
Votado. Bjos.
José Carlos
Amadurecemos a cada perda. A cada ganho.
Belo poema que reflete isso mesmo.
Um abraço
Versos curtos, diretos, expostos à luz
do dia. Fratura exposta! É a vida em estado
puro.
Abraços.
Estive sem pc,só ontem consertei.mas compareço para deixar minha leitura e afeto.
clara arruda · Rio de Janeiro, RJ 15/9/2008 07:15
A maturidade são as rugas,
umas dores, uns achaques.
É saber que teu pai está morto
no fundo da chácara.
*****
Maturidade é tambem desprendimento.
Determinação nas coisas que temos que realizar.
Saber que a Vida continua e fazemos parte dela.
Seguir em frente sem deixar o "Arado sair da trilha"
Cumprir com aquilo a que aqui viemos realizar,
sem esperar nada como recompensa.
Um grande abraço amigo Poeta. Grato por sua presença. jbconrado
José Carlos, que beleza seu poema abreviado que diz tanto.
Tanto que me lembrou que
Maturidade é também saber que teu filho está morto no fundo da chácara, quando ainda não se tem rugas, nem dores, nem achaques.
Um grande abraço
maturidade; é lembrar e depois sorrir.
meu abraço fraterno Poeta.
Silveira
Nossa que profundo...me fez pensar, gostei! Também me faz lembrar de uma frase minha: " A maturidade está na assinatura indelével das rugas, que abrem leque no contorno dos meus olhos..."
Cassiane Schmidt · Gaspar, SC 21/11/2008 12:24
Nós não somos de nenhum lugar enquanto não tivermos um morto nele. - Cem Anos de Solidão , G.G. Márquez
parabéns meu nobre!
quando tiver tempo dê uma olhada no meu blog
www.zangareio.zip.net
abraços.
Flávio de Araújo
Olá poeta, gostei do poema que estava guardado na gaveta a muito tempo, fez bem em publicar, também gostei deste pedaço do teu texto:
Esse o meu destino.
Moldar a estrutura
de encruados mitos.
Na pedra mais dura
forjar um estilo
de vaga ventura.
Muito lindo o estilo, parabéns! Vou dar-te meu voto, vê lá meu artigo, meus sonetos sobre o dia do amigo e vota! Abraços poeta José Carlos Brandão! Do amigo, poeta Malume do Brasil.
Para comentar é preciso estar logado no site. Fa�a primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
Voc� conhece a Revista Overmundo? Baixe j� no seu iPad ou em formato PDF -- � gr�tis!
+conhe�a agora
No Overmixter voc� encontra samples, vocais e remixes em licen�as livres. Confira os mais votados, ou envie seu pr�prio remix!