Vamos trabalhar a “MASSA”?

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Alex Real · Florianópolis, SC
29/12/2009 · 23 · 21
 

Caríssimos overmundis, depois de uma breve ausência ou de, por assim dizer, um pequeno bloqueio criativo, retorno às trincheiras para divagar sobre a questão que se segue. Mesmo correndo o risco de soar um tanto repetitivo (coisa que talvez, se deva a minha idade, que por sinal avança mais uma ano no dia de hoje).
Vamos à questão, sem mais delongas.
A “MASSA” a que me refiro é o povo, aquele mesmo da famosa frase “A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS”, que por sinal, acho muito curiosa, pra dizer o mínimo, se levarmos em consideração que foi esse mesmo povo que levou à cruz o filho Dele. Temos que tomar uma posição veemente, pois precisamos decidir para que povo vamos deixar a tarefa de fazer as escolhas que afetam a vida de todos nós. E para não correr o risco de ter o meu post “limado” novamente, reitero que minhas considerações não são políticas, mas sim culturais. Eu pessoalmente não tenho nenhuma formação acadêmica, venho de uma família muito humilde, então não aceito a premissa de que o povo é ignorante por lhe faltar acesso ao conhecimento, o que se sucede é que o povo escolhe não ter acesso, escolhe o caminho fácil e danoso de deixar a grande mídia escolher por ele. Me lebro de meu avô, que era imigrante espanhol, pedreiro, analfabeto funcional, pois só sabia escrever o próprio nome, mas sabia ler, e muito bem, tanto que recitava de memória as obras de Fernando Pessoa, de quem era fã de carteirinha. Ora, se meu avô, mesmo com toda a dificuldade, conseguiu conhecer essa obra, entre outras, como explicar que hoje, mesmo com toda a facilidade, e a velocidade com que a informação se propaga pela televisão, internet e outras mídias, porque o povo não sabe quem foi Pessoa, só pra citar um, mas poderia ser Bandeira, ou Villa Lobos, ou mesmo Tom Jobim? A única razão que consigo ver é a falta de interesse, mas não só do povo, mas das políticas públicas para cultura no nosso país. Meu pai, para citar outro exemplo, só tinha o “ginasial” e era professor de música, conhecia e ensinava teoria musical, era praticamente um maestro, compunha e arranjava, conhecia a obra dos grandes, como Bach, Beethoven, List, Stravinsk, entre outros. Então meu background foi esse, eu tenho o segundo grau e alguns cursos técnicos, mas também tive o interesse, despertado, é claro, por meu avô e meu pai, pelas grandes produções culturais da humanidade.
Não estou querendo com isso, dizer que sou melhor do que ninguém, também faço parte da “MASSA”, mas essa foi trabalhada, como um padeiro que faz um pão, é apenas farinha, água e fermento, e se transforma em um alimento divino, pra não dizer sagrado. Precisamos pois, trabalhar mais carinhosamente essa massa, e escolher qual o legado para a próxima geração da “MASSA” vamos deixar.
Com a palavra os formadores de opinião, os governantes, e também os pais.

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assis pio
 

Muito bom
concordo contigo
valeu pela reflexao
abraço
votado

assis pio · Aurora, CE 29/12/2009 12:29
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kfarias
 

Seu texto e por demais esclarecedor, tendo em vista o ano de 2010 que se aproxima. Ano de Copa do Mundo em futebol e as nossas eleições para presidente, governadores, senadores, deputados federal e estadual, ou seja, mudaremos o comando de 80% desse País varonil.
A sua perguinta é pertinente e condiz comj a situação atual: " Que legado deixaremos para a próxima geração de "MASSA"?
Pois bem, há uma outra pergunta que considero, também, de grande valia e que deve ser pensada, estudada: "Que "MASSA" ou Pessoas estamos preparando para o próximo legado?
Somos um País enorme, transcontinental, reconhecido em todo o mundo, rico e capaz, de pessoas inteligentes, com preominentes destaques em todas as áreas, mas não sabemos ou não conhecemos os nossos direitos. Falamos de muitas coisas e não fazemos muitas coisas, então devemos começar pela EDUCAÇÃO, pelas informações, fazer com que "A MASSA" se interesse em aprender e compreender o nosso País, sua cultura, sua história e a sua Grandeza.
Não podemos ficar esperando benesses do governo, temos de conquistar com trabalho, conhecimento, determinação e conhecedor dos nossos direitos e deveres EXIGIR respeito RESPEITO.
Não somos um País de samba, futebol e carnaval, não somos um País de belas praias e mulheres bonitas, somos um PAÍS DE PESSOAS INTELIGENTES, CAPAZES, TRABALHADORAS E HONESTAS, capazes de retirar petróleo, em mar aberto, a uma profundidade de sete mil metros, de conviver com todas as adversidades da vida e SORRIR, de construir aviões, fazer transplantes cirurgicos, e etc. Somos BRASILEIROS, o melhor POVO e o melhor PAÍS DO MUNDO e precisamos ter ORGULHO disso. Mas precisamos aprender a ser BRASILEIROS respeitando os BRASILEIROS.
Os políticos são nossos representantes, escolhidos por NÓS BRASILEIROS, e tem a OBRIGAÇÃO de trabalhar, e muito, por esse PAÍS e nós temos de ter VERGONHA e escolher o representanbte certo, se não der certo nessa na próxima trocamos todos, ate ACERTAR.
Voto consciente de que seu texto tenta apenas informar e nos deixar a refletir sobre os destinos da nossa PÁTRIA.
Parabéns!
abraços,
kfarias.

kfarias · Águas de Lindóia, SP 29/12/2009 12:32
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Doroni Hilgenberg
 

Alex,
Magnifico texto
disse tudo ...
Meu pai teve muitas dificuldades para aprender a ler e escrever, mas meu avo dizia:
" Se não quiser lavar privada no quartel, vai estudar"
e meu pai foi e parendeu e se fez gente apesar das dificuldades e passou esse exemplo aos filhos. Minha mãe trabalhava também e se fizeram classe média. ( independente de politicagem)
Hoje essa " Massa" que esta ai é acomodada sim... Vivem de
" Vales", de ajuda do governo ( parecem mendigos) e só sabem aumentam a população.
Os homens são bestas, deixam que a mulher se encha de filhos e ai não têm ajuda para progredir. Vivem com as costas pesadas, cansados e desiludidos.
bjs

Doroni Hilgenberg · Manaus, AM 29/12/2009 12:45
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Doroni Hilgenberg
 

Digo: " Aprendeu a ler e escrever o básico e se fez gente"
bjs

Doroni Hilgenberg · Manaus, AM 29/12/2009 12:47
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Cezar Ubaldo
 

Alex,meu caro,a 'massa" se não bem trabalhada amassa e se muito amassada pode perder tudo.Creio que o seu texto tem uma conotação educativa,quando faz abordagem à falta de acesso ao conhecimento e aborda a relação que o seu avô teve com a obra de Fernando Pessoa,para alguns tão complexa.Na verdade,precisamos de Pessoa,de Drummond,de Thiago de Melo,de Rubem Alves,de Tom Jobim,de Gilberto Gil,d Chico Buarque,de Bertolotto,de Fernanda Montenegro,de Marilia Pera,de Zezé Mota,de Lázaro Ramos,de Antonio Fagundes,de Selton Melo e de tantos e tantos homens e mulheres que podem contribuir para o processo de desenvolvimento cultural da massa.Fazer retornar as caravanas de artes é um passo importante,porque sabemos que neste pais continental muitas pessoas não tem acesso à educação e à culturas das artes.Precisamos movimentar a própria massa para que ela se sinta como sujeito social,para que essa massa deixe de ser o peso morto da história,que se construa como nação,orgulhando-se de si mesma e projetando-se,através do conhecimento.Belo texto.

Cezar Ubaldo · Feira de Santana, BA 29/12/2009 16:09
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Jairo de Salinas
 

Grande Alex. Beleza de texto.
Concordo contigo, principalmente quanto à necessidade de buscarmaos nosso próprio caminho. Permita-me apenas fazer uma ressalva em relação a escolha do caminho para o conhecimento.
Creio que o que tem faltado a uma boa parte das pessoas é justamente o discernimento para a escolhea. É sabido que existe uma distância enorme entre o as informações que nos são dadas e o conhecimento transformado. Assim sendo, sem o direito (e o poder) de discernir, somos todos alvos fáceis para sermos atingidos pela síndrome da impregnação midiática. Certa feita ouvi a seguinte frase: "Quem não conhece os seus direitos... não é digno de tê-los". Essa frase positivista emperra no fato de que o primeiro direito a nos ser dado é justamente de conhecermos quais são nossos direito (enorme paradoxo). Sou um crítico ferrenho da alienação, porém, percebo o quanto é difícil para todos nós superearmos um escravismo cerebral histórico e secular.
Parabéns pelo texto e obrigado, amigo, por me permitir opinar sobre essa temática.
Um abraço!

Jairo de Salinas · Salinas da Margarida, BA 29/12/2009 21:17
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Clésio Tapety - Cultura da Paz
 

Parabéns, Alex. Sigo contigo trabalhando a "massa". Que possamos vencer a exclusão cultural e a desigualdade. Grande abraço!

Clésio Tapety - Cultura da Paz · São Paulo, SP 30/12/2009 00:00
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Greta Marcon
 

A grande verdade, é que o estrangeiro chega no Brasil com
u'a mão na frente e outra atrás e em pouco tempo fica rico, trabalhando honestamente. Infelizmente, o povo brasileiro
não é muito chegado a por a mão na massa... Também acho que o governo deveria decretar um programa obrigatório cultural todos os dias em todas as tvs do Pais. Meu pai nunca estudou, mas sabia fazer de tudo e nunca nos deixou faltar nada;[italiano]
Jamais conheci alguém de sangue estrangeiro preguiçoso.
Eu poderia te citar uma porção de gente da minha familia que
comeram o pão que o diabo amassou, trabalhando honestamente e que hoje estão todos muito bem de vida.
Vamos ver o que vai acontecer nas próximas eleições...
Feliz 2010!
Beijosss

Greta Marcon · Ponte Nova, MG 30/12/2009 01:27
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Greta Marcon
 

Esqueci de votar...

Greta Marcon · Ponte Nova, MG 30/12/2009 01:29
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Orisvaldo Tanniy
 

Muito reflexivo.Grande retorno.Votado.Abração!

Orisvaldo Tanniy · Teresina, PI 30/12/2009 10:21
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Peterson Nogueira
 

Alex, eu tive uma professora na universidade cujos pais eram analfabetos. O pai, lavrador, fez com que todos os onze filhos estudassem e alguns deles tinham, na época em que ela me ensinou, no mínimo, o mestrado.

Meus pais saíram da pobreza também. Venceram juntos uma vida que é, por si só, muito injusta. Eu e meus irmãos, dois, estudávamos e ainda estudamos.

Não que eu seja intolerante ou algo do tipo, eu até penso que os mais humildes não têm tantas chances para usufruir do conhecimento, e entendo os links que abrem para tentar usufruir da vida, como por exemplo, trabalhando antes de estudar, ou trabalhando e não estudando, mas eu vejo que pequena parte da população se preocupa de fato com conhecimento, estudo etc e tal.

Sou professor, pesquisador, escritor e amante da cultura. E vejo que cabe a nós, padeiros, amassar essa massa.

Gosto do seu texto, mas ele só apresenta o problema e grandes ilustrações com seu avô (já virei fã rs) e teu pai. Penso que a população precisa disso mesmo, somos carentes. Temos baixa auto-estima. Mas precisamos, sobretudo, de padeiros experientes que possam mexer a massa com dedicação. Fazer um pão com a graça de quem faz um panetone para o natal, com a graça de quem prepara uma grande ceia.

Acredito, talvez vitimado por uma síndrome de Peter Pan, mas acredito que os brasileiros podem ter a essência da boa vontade e, assim, dar um jeito nessa maldita mania de "jeitinho brasileiro" e se dedicar a algo concreto, como seu avô e seu pai, você, minha professora e seus irmãos, eu e meus irmãos. O Brasil está cheio de bons exemplos. Você deve ter visto, ontem, 29 de dezembro, o lavrador que tentou durante quatro anos entrar numa faculdade de Medicina. Trabalhava na roça para pagar um cursinho. Entrou. Quer ser cardiologista. Será. Mexerá a massa e o coração.

Por fim, acredito que essa boa vontade, a qual me refiro, poderia partir dos políticos, mas todos os políticos passarão pelo crivo de alguém que não o apoiará. Vejo então que deve partir da essência da boa vontade individual e, assim, fazermos desse país uma grande nação. Fazermos essa grande nação ser, de fato, um país de todos. E não de todos os contrastes, como vemos cotidianamente.

Avancemos, Brasil. Estudemos, povo heróico.

Peterson Nogueira · Natal, RN 30/12/2009 11:45
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Adroaldo Bauer
 

Alex,
Bom texto, um bom debate.
Eu sou piauiense, tenho sangue nativo, de negro, português e espanhol. Mistureba pura.
Não sou preguiçoso e meus pais não chegaram aqui. Estavam aqui trabalhando durop a vida inteira, sob a ditadura, antes na disputa de projeto entre us latifundiários e os capitães da nascente indústria, mas com uma mão na frente e outra atrás como a maioria do povo, esse que chamas de massa. A emancipação de um povo, dos de baixo (Florestan Fernances) explorados secularmente pelos de cima (idem), se dá com consciência e ação organizada.
Há exemplos disto na história.
O que sucede após é responsabilidade também desse povo e dos que se constituem ou são constituídos dirigentes, por liderança ou pela força ou ambos.
Pra ter isso é preciso agir para isso.
As pessoas que deixam outras fazerem isso, queixam-se de que não são atendidas em seus direitos.
São atendidos em direitos os que lutam por eles, porque a sociedade dividida em classes como está aqui não é exatamente altruísta.
A filosofia reinante é farinha pouca meu pirão primeiro. do esbulho, da iniquidade.
Altruísmo a quilômetros de distância dessa cena.
Humanismo, ainda que mais próximo, interessa a um minoria, infelizmente.
Penso que devemos nos preparar com a massa, nada se faz para o outro sem o outro.
Felicidades no ano novo.
Saúde e força pra luta!

Adroaldo Bauer · Porto Alegre, RS 30/12/2009 14:39
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Adroaldo Bauer
 

Perdão:
Florestan Fernandes, sociólogo, respeital militante social, amigo.

Adroaldo Bauer · Porto Alegre, RS 30/12/2009 14:44
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Cláudia Campello
 

texto magnifico!!!
isso só acrescenta.
valeu mesmo!

bjsssssss;

Cláudia Campello · Várzea Grande, MT 31/12/2009 16:13
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O NOVO POETA.(W.Marques).
 

belo texto, um feliz ano novo e muita paz.

O NOVO POETA.(W.Marques). · Franca, SP 1/1/2010 11:59
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Carla Pereira da Fonte
 

Que bom que você insistiu!
Que bom que publicaram!

A massa precisa descansar para crescer, mas nossa elite não para de bater!

não somos cegos, mas estamos amordaçados;
não somos preguiçosos, mas carregamos bolas de ferro em nossos pés;
temos muito o que dizer, mas estamos amordaçados!
sabemos o que queremos, mas nosso tempo está todo vendido!

Vou tentar publicar também, quem sabe consigo dessa vez...?

Carla Pereira da Fonte · Rio de Janeiro, RJ 2/1/2010 22:58
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Vasqs
 

Sou otimista: acredito que as sementes lançadas por seus avô e pai , estejam hoje gerando excelentes frutos; que, como v. , gerarão outros e assim por diante. O Brasil que se vê hoje, e nos últimos 10 anos , é muitíssimo melhor que o que se via, por ex. na década de 60 - o que, em termos históricos , é um tempo relativamente curto.
abraço

Vasqs · São Paulo, SP 3/1/2010 13:17
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R. Marcchi
 

Grande Alex,

Assim como você, também tive um "recesso" (mas no meu caso foi de fim de ano) e também estou de volta!! E antes que me esqueça: Feliz ano novo!! Esse ano de 2010 será, com certeza absoluta, um ano de novidades e conquistas!!

Nós, a massa, somos demasiadamente ignorantes. Não no sentido de falat de estudo ou truculência (não me entenda mal), mas sim no sentido de ignorarmos (desconhecermos) demais! Não por falta de oportunidade, já que seu pai e avô foram exemplos de que a OPORTUNIDADE SE CRIA e não se obtém, mas sim por acomodação. A massa prefere aceitar migalhas e achar que está em vantagem, do que se mobilizar e criar as oportunidades.

Abraços,

R. Marcchi

R. Marcchi · Rio de Janeiro, RJ 19/1/2010 11:47
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azuirfilho
 

Alex Real · Florianópolis (SC)
Vamos trabalhar a “MASSA”?

Fazemos parte dela e ela faz parte da gente.
Temos de sempre a incrementar, porque como diz um velho ditado, A Voz do Povo é a Voz de Deus.
A Massa tem a sua represerntação e legitimidade.
Parabéns pelo Trabalho que nos leva a reflexão.
Uma Aula de Vida.
Abração Amigo para todos.

azuirfilho · Campinas, SP 19/1/2010 12:58
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ayruman
 

Abrsaço fraterno.

ayruman · Cuiabá, MT 25/1/2010 10:20
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ayruman
 

Abraço fraterno.

ayruman · Cuiabá, MT 25/1/2010 10:20
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