Brincantes e mestres da cultura popular tratados como super stars. Tudo conforme manda o figurino, com cobertura da televisão, inclusive com flashes ao vivo, instalação de telões, chegada antecipada do público e com presença massiva, torcidas organizadas, serviço gratuito de alimentação e assistência médica preventiva.
Se você pensou nos bois do Festival de Parintins ou nas escolas de samba do Rio de Janeiro, nos maracatus de Olinda e Recife ou nos afoxés de Salvador, errou! No texto abaixo, você ficará sabendo que isto começa a se consolidar em Sergipe.
Trata-se do IV Concurso de Quadrilhas Juninas Levanta a Poeira, realizado no Gonzagão, nas noites dos dias 29 e 30 de maio, organizado pela TV Sergipe, afiliada local da Rede Globo. A parceria foi realizada com a Federação das Quadrilhas Juninas de Sergipe e contou com o apoio do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Cultura.
O público presente era só alegria! E da parte daqueles que freqüentam o Gonzagão regularmente, então! Situação semelhante a esta também percebida em alguns momentos, como nos festejos juninos, III Noite Cultural e 3º Mostra Arte e Cidadania, no ano de 2007, no Festival de Talentos do Programa Abrindo Espaços, e na Mostra Regional do Teatro do Oprimido, realizados no ano de 2008.
Diversas razões concorreram para o alto grau de satisfação das cerca de quatro mil pessoas (estimativa) — recorde de público na atual gestão, iniciada em maio de 2007. Dentre elas, destacamos: a colocação de telões para possibilitar aqueles que não conseguiram chegar a tempo de ocupar as arquibancadas e os degraus que circundam a área da pista de dança assistir às apresentações; a atitude de reverência ao velho Lua, por parte do cantor e compositor sergipano Rogério, na reportagem especial apresentada no telejornal local; demonstração do carinho pelo espaço que recebe o nome do mestre através das palavras de todos os repórteres e, finalmente, o destaque nas reportagens para o trabalho cotidiano das quadrilhas, cujas potencialidades em termos de ajuda ao desenvolvimento humano, social e econômico das comunidades precisa ser melhor dimensionado e incentivado.
Dentre as quadrilhas escolhidas através de sorteio para participar do concurso, encontram-se duas que representam a comunidade onde o Gonzagão está situado (conjunto Augusto Franco) cujos ensaios são realizados neste espaço cultural, a Quadrilha Junina Luiz Gonzaga e a Quadrilha Asa Branca, cujo nome também faz referência a música mais conhecida do Velho Lua.
No caso desta última, o crescimento tem se dado a olhos vistos, a partir da liderança firme e terna de Dona Genilda, que desde 2007 acolheu de braços e coração abertos a presença do coreógrafo, aderecista, músico e bailarino Rogério Valença, como também a proposta de capacitação de agentes culturais através da bandeira Consórcio Cultural.
Neste ano de 2008 a Quadrilha Asa Branca surpreendeu a todos os presentes no concurso Levanta a Poeira no Gonzagão com um tema em sintonia com a realização do ano da França no Brasil, apresentando a trajetória da quadrilha junina, desde os palácios das cortes européias até as festas no interior do Brasil, onde essa tradição, após ter sido abandonada pela nobreza, foi adotada e ressignificada, assegurando a sua permanência até os dias atuais.
O impacto que a abertura causou com um cenário de fundo composto pela fachada de um palácio real e local de onde adentrava a pista de dança, os componentes da quadrilha Asa Branca, vestidos nos moldes do estilo Luis XVI, dançando uma canção clássica, deram o tom do que viria a seguir. E o mais importante: em nenhum momento o público ficou entediado. A mudança de figurino (do padrão europeu do século XVIII ao caipira chic), os passos coreográficos, a seleção musical e a qualidade dos músicos, a narração de alguns fatos históricos relacionados a esta influência da França (que deixou as suas marcas na cultura do ciclo junino), além da salva de fogos em alguns momentos, tudo isso manteve a atenção do público em todos os momentos da apresentação.
Assistir novamente a esta apresentação, como a de outras quadrilhas juninas que participaram do Levanta Poeira (ou mesmo as que não foram selecionadas para estar presentes nos dias 29 e 30 de maio), era a expectativa aguardada pelo público que, novamente, voltou a lotar o Gonzagão no período compreendido entre os dias 19 de junho e 4 de julho.
Esta programação denominada Festejos Juninos – Gonzagão 2009, é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura/Governo de Sergipe, e ofereceu uma opção para muitas pessoas que não puderam ou não quiseram ir para o Forrocaju, local de concentração dos principais artistas e bandas de forró, que arrastam milhares de pessoas por noite(estima-se que, em algumas noites, chegue a quase 100 mil pessoas).
Com isso, fica comprovado que os festejos juninos são a festa do sergipano por excelência, já que basta uma quadrilha junina, nem que seja improvisada, um espaço decorado com bandeirolas, palhas de coqueiro, fogueira, uma mesa farta com delícias a base do milho e um trio pé de serra ao vivo (ou por meio eletrônico) para juntar um bocado de gente para festejar, dançar, brincar... mesmo que isso aconteça simultaneamente em diversos locais.
Está aí uma idéia que circula na cabeça de muitos aracajuanos: descentralizar os festejos juninos da capital, nos moldes do que acontece com o carnaval do Recife, o qual além de instalar a mega estrutura que concentra milhares de pessoas na área central, realiza extensa programação em diferentes locais, incluindo a periferia da cidade.
P.S.: O Gonzagão sediou na noite do dia 08 de junho, uma das eliminatórias do Concurso de Quadrilhas da TV Atalaia, afiliada local da Rede Record. Em plena segunda-feira, cerca de duas mil pessoas, prestigiaram o evento, que trouxe cinco quadrilhas juninas, filiadas a Liga de Quadrilhas Juninas do Estado de Sergipe.
Além da Asa Branca, outra quadrilha que atrai uma grande quantidade de público é a quadrilha Unidos em Asa Branca, campeã do Concurso Levanta Poeira deste ano e que também trouxe para Sergipe o titulo de quadrilha campeã do concurso da Rede Globo Nordeste (edição 2009), realizado na cidade de Fortaleza (CE).
Já a quadrilha Asa Branca, estará se apresentando no encerramento do Ano da França no Brasil, a se realizar em Brasília, no mês de setembro.
A trajetória destas duas quadrilhas juninas e a da Luiz Gonzaga, será focalizada em outro texto que será postado no próximo mês, aqui no Overmundo.
Uma questão importante é o distanciamento das quadrilhas juninas dos padrões caipiras tradicionais (para insatisfação dos folcloristas) e a incorporação de inovações ao escolher temas, criar cenários, passos coreográficos mais complexos e utilizar tecidos mais sofisticados nos figurinos (para deleite do público).
Particularmente, defendo a existência de espaço para os dois modelos. O estilo tradicional poderia ser reforçado junto às quadrilhas juninas mirins e/ou através de uma (várias) quadrilha (s) junina (s) subvencionada pelo estado e/ou pelo (s) município (s) para se apresentar em momentos especiais, podendo estar vinculada a um grupo de danças populares tradicionais.
Já de outro lado, considero urgente a necessidade de enfrentamento do problema da sustentabilidade econômica. Em conversas com algumas lideranças, temos tratado desse assunto e temos recomendado o seguinte:
a) Capacitação em gestão e produção cultural para aqueles líderes que assumem papéis de coordenação administrativa e/ou de produção, assim como para aqueles que tem potencial para assumir este papel. Com isso, pretende-se diversificar as fontes de patrocínio que, na maior parte das vezes, depende da subordinação do grupo cultural às estratégias de campanha eleitoral de candidatos a cargos eletivos. Embora, em muitos casos, mesmo com esta capacitação a situação venha a ser mantida, pelo menos mostrará outras perspectivas para a captação de recursos que não a dependência a este modelo tradicional e que já começa incomodar a alguns quadrilheiros.
b) Elaboração de projetos para que o(s) tema(s) seja(m) explorado como conteúdo para realizar um trabalho educativo junto aos adolescentes e jovens que compõem as quadrilhas juninas, considerado o fato que os temas em geral tratam de aspectos históricos, culturais e sociais e podem dar um bom “caldo” pedagógico, se devidamente tratados por pessoas que saibam fazer uso de metodologias dinâmicas e interativas.
c) Elaboração de projetos para a capacitação de jovens e adultos nas áreas da música, dança, figurino e adereços, corte e costura, maquiagem etc. Com isso, será rompido o círculo de dependência com relação a alguns profissionais que, em função da relação procura/oferta, cobram caro para realizar estes serviços.
Mas tudo isso depende de uma ação articulada das Secretarias de Cultura, ou órgão similares dos estados e municípios com as instituições do sistema S, universidades, ONGs, entidades que representam as quadrilhas juninas e Ministério da Cultura.
As ações desses agentes públicos podem ser iniciadas pelo mapeamento das quadrilhas juninas existentes em todos os municípios, elaboração de um programa de capacitação de agentes culturais específicos e a organização de editais para o financiamento de projetos das quadrilhas juninas, condicionados à necessidade de investimento em atividades pedagógicas, em parceria com educadores e/ou escolas públicas e/ou de capacitação nas áreas artística e técnica.
Sobre o potencial econômico das quadrilhas juninas, afirmei em um artigo, aqui no overmundo:
"Aqui em Sergipe, um jornal local publicou em junho de 2004 alguns dados interessantes referentes à quantidade de empregos que são gerados pelos 64 grupos que integram a Liga das Quadrilhas Juninas do Estado de Sergipe. Segundo a reportagem, de março até a primeira semana de julho, são gerados quase mil empregos para músicos, cantores, costureiras, maquiadoras, estilistas e muitos outros profissionais."
Já em relação a questão Tradição X Inovação, também em outro texto, aqui no overmundo, teci as seguintes considerações:
"Aqui em Sergipe ocorre, todos os anos, uma discussão acadêmica envolvendo a mudança de perspectiva das quadrilhas juninas que aos poucos vão perdendo a simplicidade e a ludicidade dos passos tradicionais para dar lugar a outros mais complexos e que se caracterizam pela inovação e pelo hibridismo. Com isso, a maioria das quadrilhas acaba se transformando em grupos populares de dança ou em balés populares. Da nossa parte, entendo que é um movimento que não tem volta, em função daquilo que alguns intelectuais chamam de “sociedade do espetáculo”, que é uma marca da cultura atual. Entretanto, como considero que a quadrilha tradicional tem o seu lugar, a sua razão para continuar a existir, penso que é incorporando ao movimento das danças circulares sagradas que isso estará garantido.
Já experimentamos os efeitos de integração, socialização, quebra do gelo, “distensionamento”, satisfação e etc. que os movimentos coreográficos da quadrilha tradicional podem nos proporcionar. Em alguns eventos realizados recentemente no Complexo Cultural “O Gonzagão”, como na celebração de 1 ano da atual gestão, na festa junina de confraternização dos funcionários da Secretaria da Cultura e também após a apresentação espetacular de algumas quadrilhas juninas durante o forró mensal, que é realizado naquele local, os presentes foram convidados para adentrar o salão principal e através dos passos da quadrilha tradicional celebrar a alegria de estarem juntos."
Festejos Juninos Gonzagão 2007 no youtube
Kranio in cantoria
Orquestra Sanfônica
Quadrilha Junina Luiz Gonzaga
Quadrilha Junina Unidos em Asa Branca
Orquestra Sinfonica
Através de e-mail, uma amiga me pergunta se há algum patrocínio para projeto relativo a quadrilha junina. Me lembrei do edital prêmio de culturas populares 2009 – mestre dona Izabel e do edital do Programa BNB de Cultura edição 2009, cujo prazo para entrega de projetos está em fase de encerramento.
Ao que parece, salvo engano, poucas quadrilhas juninas tem sido beneficiadas por estes dois editais. Sou de opinião que o edital do BNB poderia contemplar como uma das áreas para seleção as “quadrilhas juninas” em função de ser uma manifestação cultural que integra diversas linguagens artísticas e que reúne um grande numero de grupos culturais espalhado por todos os estados nordestinos e de outras regiões.
Da mesma forma defendo que o MINC inclua as “quadrilhas juninas” como uma de suas ações especificas, merecendo um edital próprio, como acontece com os segmentos Culturas Indígenas, Culturas Ciganas, Cultura Hip Hop, Capoeira, Pontos de Cultura e Griôs.
Trata-se de uma demanda interessante para ser apresentada pelos quadrilheiros nas plenárias e conferências de cultura.
No endereço, http:// href="http://consorciocultural.blogspot.com">consorciocultural.blogspot.com, pode ser encontrado informações sobre as plenárias municipais de cultura, em Sergipe, etapas de preparação a conferência estadual e nacional.
Sugiro o blog da Conferência Nacional de Cultura, que se propõe receber contribuições on-line.
Uma matéria e tanto enriquecida tamabém por imagens da festa junina! Parabens por divulgar a cultura nordestina. Bjos.
graça grauna · Recife, PE 22/7/2009 18:41
Zezito de Oliveira · Aracaju (SE)
O Gonzagão em noites de gala
Uma Imagem lindíssima que dá orgulho da nossa gente no que estão fazendo de com a Cultura e o Lazer estarem também construindo a Cidadania e a consciência Social.
Um Trabalho Magnífico que faz feliz a quem vai lá desfrutar a aquem de longe fica sabendo e também fica feliz que tem gente caprichando para fazer o Mundo ser melhor e a Vida valer a pena.
IV Concurso de Quadrilhas Juninas Levanta a Poeira,
Uma Tradicão de Festas.
Lembra os festejos juninos, III Noite Cultural e 3º Mostra Arte e Cidadania, no ano de 2007, no Festival de Talentos do Programa Abrindo Espaços
Lembra Também a Mostra Regional do Teatro do Oprimido, realizados no ano de 2008 numa Lembrança do Mestre Augusto Boal.
Parabéns Pessoal Querido.
Vocês são Admiráveis.
Rico trabalho, essa alegria registrada e a cultura. Parabens Zezito!
Cintia Thome · São Paulo, SP 23/7/2009 10:12
E salve a essência da Cultura brasileira!
Oxente! Que alegria vê-lo novamente por aqui. Seja bem vindo.
Abraços e Paz naTerra. jbconrado.
Uma materia de enriquecimento mas também de trazer saudades. Saudades e vontades. Muito bem,
Zezito, abraço
trabalho lindo e grandioso, parabéns amigo.
um bom domingo, abraçossss
Olá Zezito O festejos juninos do Gonzagão 2009 foi um verdadeiro espetaculo de cores e brilhos, parabens mais uma vez pela sua velissima atiação. Agota renho apenas um comentario , não podesmos lembrar apenas da situação presente existem momentos bons e ruins, cabem a todos saberem pedoarf. essa sua atuação de saber valorizar a umas e as outras menos não vai te ajudar, pois esta´bem visto neste blog preferencia qual e a sua preferencia sei que não samos um aboa quadrilha mais acho que meresemos mais atenção da sua parte pois levamos a verdadeira cultura junina do nosso estado e não imitamos ninguem não trazemos um pedacinho de um e de outro trazamos a historia de um homen cuje divulgou o nordeste e tornou-se conhecido no mundo. Foi tão grande a sua dedicação ao brasil que recebeu varias homenagen a onde que que fosse , uma delas esta bem ai no Complexo Cutural Gonzagão o seu nome
Dico · Aracaju, SE 26/7/2009 16:26Ótimo Texto meu caro! Passei num concurso para a UFS e há três meses estou morando em Aracaju! Vi os festejos juninos e afirmo: São os mais lindos que já vi! Forte abraço!
Bruno Alvaro · Aracaju, SE 26/7/2009 16:30Para comentar é preciso estar logado no site. Fa�a primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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