Sobre o cimento frio

Pedro Rocha
O poeta Valter di Lascio no Terminal de ônibus do Papicu
1
Pedro Rocha · Fortaleza, CE
1/10/2006 · 290 · 31
 

Chegou no terminal a uma hora da madruga, talvez menos. O corpo um pouco inclinado para frente, bigode amarelo, rosto surrado cor cinzas. Eu estava no terminal para mais um episódio da série Cadeiras com Rodas. Fiquei olhando. Sentou em um dos bancos de cimento do terminal, fechou os olhos e começou a cambalear levemente em uma pequena elipse. Sabia quem era. Como não? Valter di Lascio. Poeta. Como não? Freqüentador do Centro de Humanidades da UFC, da Uece, dos bares do bairro do Benfica, da Praia de Iracema... Vendedor chato de livretos de poesia sempre a lhe abordar em momentos inconvenientes.

BIS
COITO
COM
CHAMPAGNE
POESIAS DE VALTER Di LASCIO.

“Como não!? Aquele paulista que vive no Dragão do Mar a vender aquelas xerox. Algo como... Um poeta marginal! Isso.Um poeta marginal a andar pelas ruas de Fortaleza em pleno século XXI”.

De 48 anos. O universitário que foi pra Bahia, visitar uma figura, acabou ficando 15 dias na cada dela. Depois mais 15, foi bater em Ribeirão Preto. O curso de História na UNESP correndo... Mais quinze dias não vão fazer diferença. Minas... Há nove anos em Fortaleza. Sabe-se lá como chegou aqui... Passando agora, uns tempos, em Jericoacoara, reduto de turistas do mundo inteiro.
Dizem... que um dos homens mais assaltados em Fortaleza. Coisa de 50 vezes. Levam papéis, alguns livretos, desodorante, escova de dente, algumas poesias recém escritas. Morador do Terminal de ônibus do Papicu há algum tempo. Lugar seguro em Fortaleza. Por ali, no terminal, chegam alguns, quando se finda um dia e insiste em começar outro.

Fuma feito uma caipora. O bigode não nega. Bebe socialmente diariamente, tentando dar conta das demandas da street high society fortalezense. Dois meses sem beber por motivos de ordem médica.

Valter di Lascio. Como não? Tinha que entrevistá-lo.



Como que você vê sua condição de poeta marginal? Acredita nesse estereótipo?

Quem colocou esse estereótipo não fui eu. “Ah, porque você dorme no terminal”. Durmo no terminal. Durmo no terminal porque eu não tenho grana porra, só por isso. Se tivesse grana, claro que eu não ia tá dormindo no terminal. Quero escrever, não tenho condições de escrever legal. Quero trabalhar não posso. Tô querendo estudar não posso. Como que eu vou estudar no terminal? Não tem condições. Tô querendo trabalhar num projeto que são contos, fiz alguns contos e tal, mas pô, não tem condições, porra. Eu mal durmo. Eu cochilo, não durmo... Isso é uma conseqüência da própria cultura oficial porra. Se os caras não têm o hábito de ler, como toda hora eu tô escutando: “não gosto de ler”, “vixe, tem que ler?”. Quer dizer, se as pessoas não gostam de ler, não vendo. Se não vendo, não tenho como me manter. Tenho que tá na rua. Que nem agora, quero ir embora pra Jeri. O que acontece? Passo a noite, o que eu consigo de grana? Consigo de grana pra chegar no terminal comer, comprar cigarro, o básico. De manhã faço a merenda, no terminal, lógico, óbvio e vou pra rua. Vou pra Universidade, fazer cópia... Enfim, vou fazer o que eu tenho pra fazer. O que me sobra no dia seguinte é a grana pra refazer o material, às vezes não dá nem para almoçar.

A tua poesia é de subsistência?

Total, total, total... Por mim eu não venderia dessa forma que eu vendo. Por mim eu venderia o produto final, ele completo, o livro. O livro com 130 poemas, ilustrado, do jeito que foi feito.

Como tu produz esses livretos?

É feito num computador a matriz. Eu pago pra fazer, amigo meu faz, o que tiver mais fácil no momento. Se tiver dinheiro eu mando fazer, porque é aquela coisa às vezes o cara pega dinheiro pra fazer, na maior boa intenção. Porém, no entanto, o cara estuda, o cara trabalha, o cara tem a vida dele. Eu não posso ficar no pé dele cobrando: “Porra, você já fez? Quando você me entrega?”. Pô, o cara tá fazendo de graça, na maior boa vontade, e eu ainda vou ficar pegando no pé? Não é legal. Tenho que pagar. Eu fui fazer agora o cara me cobrou 1,50 por página. Depois que eu mandei fazer o cara chegou pra mim: “Porra, por que tu não falou comigo?”. Como é que eu vou saber? Eu não vou ficar perguntando de um por um, “você pode fazer?”, “você pode fazer?”. Então é feita a matriz no computador, depois tirado xerox. Custeado por mim.

Quais os pontos que tu mais vende?

Não tem os pontos que eu mais vendo, são os únicos que eu vendo. É Universidade, Ponte Metálica e Dragão do Mar.

Existe alguma coibição no Dragão do Mar?

Existe. Eu não tenho autorização. Agora que a segurança tá pegando no pé. Cheguei de Jeri agora, preciso vender, eles não tão deixando. Só pode vender na praça, se não for na praça eles vêm pegar no pé. Só nos bancos, ali eu posso vender. Debaixo do planetário eu não posso, próximo do cinema eu não posso, debaixo da passarela eu não posso. São dependências do Dragão do Mar. Onde é o limite, onde termina o Dragão do Mar e onde começa? Não sei, aliás nem eles [seguranças] sabem, é ordem superior, é ordem do chefe... Eles não questionam nada.

O que você acha desse tipo de proibição em um ponto cultural?

Totalmente imbecil. Se eu não posso vender um livro num centro que se diz de arte e cultura, porque eu não tenho a suposta autorização, eu vou vender aonde? Porra, no show do Calcinha Preta? Ou no Castelão em dia de jogo Ceará e Fortaleza? Não tem cabimento porra, invés de ser proibido devia ser incentivado. Quando eu converso isso ai com turista, o cara fica dizendo: “Porra, não pode”, se espantam. Por que que não pode? Vai perguntar pra ele porra. Nêgo vende o cacete a quatro lá, mas tem autorização. Não sei que porra de autorização é essa. Pra botar um crachazinho no peito? Não tem cabimento porra...

A tua relação com Fortaleza é opressora?

Ah sim, me incomoda. Eu não agüento mais viver em cidade grande, isso também em outras cidades grandes. Eu não consigo mais viver nessa neura. Nos meus textos, tu vai ver que tem toda uma temática urbana. Eu não consigo me imaginar escrevendo cordel, seria uma violência, seria eu massacrar o cordel. Então as informações que eu trago são outras, são influências urbanas.

Já tentou desistir da poesia?

Não, não pensei.

Por quê?

Você já pensou em parar de respirar?

Não.

Então, é a mesma coisa. É uma coisa vital. Não dá mais, chegou num ponto que não tem mais volta, agora é só continuar, onde vai dar não sei. Pelo menos não vai ficar que nem a Ponte Metálica. Espero que não, porque a Ponte Metálica é uma ponte surrealista, é uma ponte que não vai pra lugar nenhum. E não é uma ponte na realidade, porque toda ponte implica que você saia de um ponto A para um ponto B. Tem início e fim. Tá ultrapassando um obstáculo, né? Essa ponte não, ela só começa, não termina. Pra mim é um negócio surreal isso aí. Então eu não quero que meu trabalho fique assim, também interrompido, então eu vou continuando... Essa ponte minha vai continuando, aonde vai chegar não sei e não tô preocupado. O que eu quero, que fique bem claro, é paz e sossego, me deixar trabalhar sossegado, só isso porra.

Você tem compromisso com que valores?

É uma coisa que eu venho me questionando há muito tempo. O que realmente é importante pra você?

Pra mim?

Pra você que eu digo pra todos. Pra você também. Pra você é importante terminar o curso de jornalismo, ter uma profissão... Não sei se você quer carro, casa na praia, cacete a quatro. O que eu quero? Não quero carro, não quero porra nenhuma, o que eu quero é trabalhar sossegado, ter um canto pra poder trabalhar, pra poder receber meus amigos, viver um pouco dignamente. Não passar fome como eu passo, não passar sede como eu passo e isso não quer dizer luxo entendeu, continuo com minha havaiana no pé. Não quero 10 calças como eu tinha antigamente, não quero uma porrada de livros, o livro pra mim é outro lance que eu mudei meu relacionamento com ele. O que que adianta está com uma estante com uma porrada de livros apodrecendo lá se eu já li. Então, se você me dá um livro, como já aconteceu e tem acontecido, então... se você tá me dando, não espere que ele fique na minha mão. Não vai ficar. Já li? Já absorvi? Eu passo pra frente, porque eu prefiro que ele passe pra frente do que fique parado na estante. Quantas pessoas estão sendo privadas de ler enquanto ele tá privado na estante? Pessoas que não têm condições de comprar o livro. Isso é com tudo. Eu tô cada vez mais querendo o mínimo.

***

Pedi para que recitasse um poema (disponível em áudio). Insinuou um cachê para a entrevista ainda com o gravador ligado. Brincou. Queria receber em Euro. De alguma forma tinha que ajudá-lo. De alguma forma ia ter ganhos com a publicação do texto também. Dei 5 reais. Depois comprei mais dois livretos, por um real cada.

Encontrei Valter mais uma vez no terminal. Ainda tentava interar o dinheiro da passagem para Jeri. Reclamava que lhe faltava o que ler. Entreguei-lhe um livro que tinha prometido. Qualquer livro. Escolhi uma edição de bolso de “Numa fria” de Bukowski, sem atentar para a ironia do autor escolhido.

Depois, cruzei com ele mais uma vez nos arredores do Centro de Humanidades da UFC. Três vezes em pouco mais de uma semana. Como andava... Não o vi mais. Foi pra Jeri.

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Thiago Camelo
 

Gostei muito da matéria, e a comparação com a Ponte Metálica eu achei incrível, realmente ela é muito estranha, porque não se trata proprialmente um pier, parece mais uma obra não acabada, sei lá, meio sombria mesmo. E olha que quando visitei a ponte estava cheio de gente, mas, mesmo assim, rolou uma sensação estranha.

Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 28/9/2006 17:59
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Thiago Camelo
 

Ah! Uma coisa que eu esqueci de falar. Eu acho essa possibilidade de poder ouvir a voz do cara incrível. Porque na verdade você tende a criar (pelo menos, eu tendo) uma imagem mental de todo o personagem, seja do gestual, da voz, do modo de se movimentar... A voz de Valter, para mim, era absolutamente outra: via-o agitado, quase maluco. Após a audição, revi o julgamento - achei, mesmo com a brutalidade do poema, o tom do artista sereno e lúcido.

Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 29/9/2006 18:42
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Bruno Maia (sobremusica.com.br)
 

Bem bacana o texto. A resposta dele pra "vc ja pensou em parar com a poesia?" é genial! Dá-lhe TREMA!

Bruno Maia (sobremusica.com.br) · Rio de Janeiro, RJ 1/10/2006 14:11
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Thiago Perpétuo
 

Não seria legal divulgar a poesia do Valter no Banco de Cultura?

Thiago Perpétuo · Brasília, DF 2/10/2006 19:29
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Dora Nascimento
 

Achei muito legal a entrevista. Aqui em Recife também temos alguns poetas marginais, no melhor estilo Valter, fiquei com vontade de entrevistar um em especial, o Ericson Luna, que é muito bom mesmo. E se eu tivesse que dar um livro de presente para um poeta como o Valter ou o Ericson seria mesmo um do Bukowski, a sua intuíção foi condizente com o poeta.
Bem, sem querer plagiar sua idéia, confesso que realmente fiquei muito balançada em entrevistar o Ericson, aqui em Olinda, ou no Recife.

Dora Nascimento · Olinda, PE 2/10/2006 20:32
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Inês Nin
 

muito boa a entrevista. o link para a ponte metálica está indicando para um site "proibido", mas catei no google images e tem algumas imagens aqui. é mesmo surreal..

Inês Nin · Rio de Janeiro, RJ 2/10/2006 20:51
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jujuba
 

Puuuuuuuuuuuuuutz! E um monte (tá, um monte não, mas todos que têm a pretensão de ser escritor) de amigo meu reclamando que editora não retorna contato sobre os livros que escrevem e, por isso, rpeferem procurar uma profissão mais rentável.

Muito bom! Muito bom!

jujuba · Santo André, SP 2/10/2006 22:25
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jujuba
 

P.S.: o aúdio está ruim - está rápido.

jujuba · Santo André, SP 2/10/2006 22:26
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Pedro Rocha
 

Sem muita cerimônia Thiago, pulando as filas do Banco de Cultura emendo logo três poemas... Depois capricho na edição e coloco algo mais robusto no Banco.

CANIBALISTICAMENTO CORRETO

Hoje estou
Com a fome dos canibais
Devorar os bispos e os cardeais


PEQUENA HISTÓRIA DO BECO E DA AVENIDA

Como poderíamos dar certo?
Tu és avenida.
Eu, o beco
Tu tens os olhos de néon,
Os meu, um emaranhado
uma gambiarra

Tua pele lisa e linda,
Negro asfalto que brilha
Eu, de pele manchada e esburacada
Tu de nome pomposo:
Angélica, Paulista, Consolação...
Eu, beco da Traição, da Mãe Chica e o
Escambau

Recebes presidentes, ilustres e patrões
Eu, bichas, putas e ladrões
Tu tens shoppings de quarteirão
Já eu, bodegas de montão
Tu exibes a beleza que fascina
Eu, a pobreza que incrimina

Ocultas na verdadeira face
Vil, mesquinha e hipócrita
Tudo que eu condeno
Faço da pobreza meu sangue
Da feia face, minha bela bandeira
E dos miseráveis, meu exército

Enquanto tu és previsível
Eu tenho em minhas vielas e esquinas
a surpresa

O beijo inesperado
De um travesti com um socialite
Na ladeira, um encontro de um cafetão
Com uma de suas damas que vem nos abusar

Temos ainda à beira de um casebre
A luz de um amor sincero
E no resplandecer do dia a beleza de duas
fantasias
Jogadas sobre a janela de um barraco
qualquer

Quem diria, não são fantasias
São Pierrot e Colombina.


SANGRANDO

Poeta da rua, que tens a lua
Como amante
O sol como cúmplica
As estrelas como guia

Poeta das ruas, que faz da estrada
Teu leito
Dos amores teus sonhos
Da poesia a razão do teu
Viver

És o fio da faca, que corta
E faz sangrar

Pedro Rocha · Fortaleza, CE 2/10/2006 23:07
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Jão
 

Impressionante como temos em nosso país pessoas com um berço cultural e visão crítica incrível e que vivem uma vida injusta por falta de incentivo e políticas socias mais justas. Achei incrível a simplicidade dele ao falar que o que ele mais quer é "um lugar pra poder trabalhar em paz, um lugar pra poder receber os amigos, que não se importa com luxo". Esse tem valores e uma visão que não é fácil de se encontrar nos dias de hoje nessa vida onde é um querendo passar por cima do outro. Espero que ele conquiste todos os sonhos dele e consiga disseminar seus poemas e educar através dele.

Jão · Itabira, MG 2/10/2006 23:13
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cleo do vale
 

É...Valter é mesmo uma figuraça...quem anda por fortaleza e não o conhece? Quem nunca comprou um livreto dele?
Ele é mais uma das figuras folclóricas da cidade, como em todas sempre existem e sempre estão pra lá e pra cá e ninguém dá tanta atenção...
Mas é muito interessante saber o q passa na cabeça de uma figura dessa...

cleo do vale · Crato, CE 3/10/2006 11:04
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Divino Leitão
 

Cara, não gosto de assumir essas coisas não... mas to chorando aqui depois de ler essa entrevista, não é o caso de me derramar em lágrimas nem bater a cabeça na parede que isso não resolve, mas tem lágrimas quentes caindo no meu rosto.

Ë duro ver isso, uma pessoa com convicções, evidentemente com talento e no entanto presa em um limbo, cerceada por leões de chácara imbecis que ganham mais do que ele para fazer algo de que uma pessoa com mais cérebro se envergonharia de fazer.

Tive o privilégio de ter uma boa biblioteca a minha disposição quando ainda era uma criança e sei lá porque gostava de ler muito e isso me facilitou a vida, me deu oportunidades, já fiz inclusive o mesmo que o Valter Di Lascio, imprimir em Xerox e vender, mas hoje tenho a Internet, tanto pra ler quanto para escrever.

Onde estão os mecenas que foram os responsáveis pela proliferação e sobrevivência da cultura?

Alguém encontre este cara, leve ao Jô Soares, lhe garanta uma bolsa de sobrevivência, lhe dê onde morar... faça algo por um legítimo representante da cultura e isso independe da qualidade de seu trabalho que não conheço mas dá vontade ir procurar, embora a realidade não me permita.

E parabéns pela sensibilidade de cavar essa informação perdida no submundo em que todos nós vivemos e as vezes nem percebemos.

Divino Leitão · Araraquara, SP 3/10/2006 13:08
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Divino Leitão
 

Ih... sei lá porque, mas minha opinião saiu repetida e não estou achando opção pra apagar o excesso.

Mas voltei não pra isso, mas sim para acrescentar outro comentário em função de ter ouvido e depois lido a poesia do Valter (imagino que as poesias no comentário do Pedro Rocha sejam do Valter) .

O Valter não é apenas um guerreiro da cultura, mas um guerreiro com talento para rei... a vontade que me dá é escrever algo bem grosso a respeito do Ministro da Cultura (já escrevi e apaguei) mas me dou conta que se existe alguém a se culpar este alguem somos nós mesmos, que nada fazemos pra mudar isso.

Hoje faço meu desejo a "fada madrinha" que todos temos, não quero nada pra mim, quero para o Valter, se tenho créditos ainda em algum lugar que sejam desviados para a conta do cara, porque um cara como ele é importante para educar essa nação de tantos analfabetos... se não de letras, de cultura.

Divino Leitão · Araraquara, SP 3/10/2006 13:27
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Natacha Maranhão
 

Aqui tem uns caras assim. Tem um que estou querendo encontrar pra trazer pro Overmundo, ele vendia poemas a R$ 0,50 nos bares à noite, agora conseguiu lançar um livro.
Como vc, Divino, também fiquei com lágrimas nos olhoso lendo esse texto.
Estive no Dragão do Mar e na praça semana passada e infelizmente não encontrei o Valter por lá...

Natacha Maranhão · Teresina, PI 3/10/2006 14:10
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Raquel Gonçalves - Grupo TR.E.M.A.
 

Parece que a poesia marginal está sempre cutucando os transeuntes desses espaços "oficiais" de arte e cultura. A classe média desconhece e 'foge', porém, muitas vezes por pena ou curiosidade compra aquela produção e nao tem a mínima noção de quanto aquilo significa p/ o poeta. Nao é só o dinheiro para comer, ou comprar mais uns litros de cachaça... é acreditar que aquilo realmente é o seu oxigenio... Masse Pedro, transpassar isso por meio do Valter .. valeu irmão
Grupo Tr.e.m.a.

Raquel Gonçalves - Grupo TR.E.M.A. · Fortaleza, CE 3/10/2006 22:29
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Pedro Ferrari
 

Sensacional.

Muito além, penso, do marginal. Parece expressar as pequenas estratégias do indivíduo, do micro frente ao macro.
"O que eu quero? Não quero carro, não quero porra nenhuma, o que eu quero é trabalhar sossegado, ter um canto pra poder trabalhar, pra poder receber meus amigos, viver um pouco dignamente."

Ansioso por topar com trabalhos do Valter di Lascio no Banco de Cultura.

Abraços.

Pedro Ferrari · Brasília, DF 4/10/2006 17:38
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SILVASSA
 

comovente e única. serve de espelho para nosso dia a dia de reclamações sem nexo.

SILVASSA · Salvador, BA 4/10/2006 18:12
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Helcio
 

Tenho alguns Biscoito com Champagne em casa. Às vezes Walter está doce, muitas outras bêbado demais.

É complicado o cara ter que se fuder todo, está com a aparência mais sofridaacadadia pra gente se lembrarque essa merda tá toda distorcida.

Helcio · Fortaleza, CE 4/10/2006 18:37
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Helcio
 

perdão pelo português distorcido como todo resto...
"estar com a aparência mais sofrida"...

Helcio · Fortaleza, CE 4/10/2006 18:42
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Bárbara Gegenheimer
 

Gostei da forma como ele lida com os livros. O fato dele não sustentar livros e mais livros em sua estante, enfatiza bem a idéia de que pra ele, cultura está com povo, com gente, não num "centro cultural" onde nem ao menos é respeitado a vontade - e por que não o direito - de se divulgar cultura. Ao contrário, é necessário uma autorização e sabe-se lá de que forma conseguir. Grana? É o mundo que é assim. E lá está Valter, poeta, vomitando nas ruas cearenses cultura e vontade de aprender.

Bárbara Gegenheimer · Viçosa, MG 4/10/2006 21:52
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Pedro Ferrari
 

É, Bárbara. E tem mais alguma forma de se criar cultura que não no seu próprio cotidiano? Ele sim é o solo firme sobre o qual se sustenta formas de compreender o mundo. Ou melhor, de reinventá-lo.

Pedro Ferrari · Brasília, DF 5/10/2006 03:03
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Ana Cullen
 

Primeiro: amei o "Pequena história do beco e da avenida", segundo: tá tudo do avesso mesmo, terceiro: esse cara tem uma mentalidade que eu invejo, porque já tou cada vez mais perdendo o foco do que é importante, e ele, com tudo que passa, continua tendo nitidez quanto ao que tem valor...
Existem mundos e mais mundos espalhados por aí...é só procurar, querer ver... mas eu acho que a maioria das pessoas já tá com uns 5 graus de miopia...
Abraços!

Ana Cullen · Brasília, DF 5/10/2006 12:55
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Rica P
 

Sensacional!
Só uma pequena dúvida, sobre postar os poemas dele aqui nesses comentários ou no Banco de Cultura, ele aprova o fato de que caiu aqui está sob licença do C Commons? Imagino que sim, e também estou louco pra ler outros, mas tive essa dúvida...abraços!

Rica P · São Paulo, SP 5/10/2006 14:09
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Pedro Rocha
 

Opa Rica, essa dúvida é a minha também. Por isso coloquei apenas três poemas dele nos comentários e deixei em aberto alguma publicação posterior de mais de seus poemas.

Acho que ele não tem nada contra essa reprodução, mas também não tenho essa certeza vinda da boca dele.

Pedro Rocha · Fortaleza, CE 5/10/2006 15:29
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Divino Leitão
 

Posso estar errado... as vezes a gente quer fazer uma coisa boa e faz uma coisa errada.

Mas acho que postar o texto dele aqui é uma forma de preservar e nos levar a conhecer.

O bacana seria até alguém que tenha os textos dele levar a um cartório e registrar no nome do poeta pois nada impede que alguém compre seus textos e saia por aí dizendo que o autor é outro.

Mas com certeza o ideal seria conversar com ele... descobrir onde ele está e até nos organizarmos e cumprir nosso papel, uma pequena e simples vaquinha e compramos os direitos de postar seus textos por aqui, seria útil a todos.

O que nos impede de formar uma comunidade e nos tornarmos seus editores?

O primeiro passo é encontrar o cara...

Divino Leitão · Araraquara, SP 5/10/2006 19:32
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Pedro Rocha
 

Na minha simples opinião Divino, eu não me preocupo com o Valter di Lascio nesses termos que você colocou. Sei da sua sensibilidade com essa história, mas às vezes é meio paternalista. Mesmo assim acho massa a idéia de contribuições voluntária a partir de um consciêcia da importância do cara.

Postar um texto aqui, como você escreveu, eu acho muito importante mesmo. O overmundo está criando um arquivo de olhares sobre a cultura brasileira sensacional.

Voltando ao Valter... Eu acho que ele tá vivendo a vida dele como quer e segue suas escolhas firmes, assim como as consequências. Foi pra Jeri em busca de qualidade de vida.

Felizmente jornalismo é uma parada que se confunde com uma ruma de coisa por sua própria natureza. Isso é bom, porque nos faz multiplos. É ruim porque nos deixa angustiados.

O mais importante pra mim agora é imprimir o texto junto com os comentários e um dia achar o homi em Jeri. Claro, aproveitar e passar um fim de semana naquela praia maravilhosa, apesar de cada vez mais elitizada.

Pedro Rocha · Fortaleza, CE 5/10/2006 23:21
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Helcio
 

eu estava reparando isso...

de repente a lente aumenta muito e a gente perde o controle. o walter é um personagem típico de toda cidade. ele está em toda parte, com muitos nomes. legal? é. e às vezes um pé no saco.

o cara tá na merda? tá. no caminho que escolheu. uma hora reclama, depois bate no peito orgulhoso.

se quisesse viver isolado como diz, não iria pra jeri. praia deserta de verdade é o que não falta no ceará. com todas as suas limitações, ele só vai na boa.

vale pra reflexão, mas sem pena, com respeito pelo interessante personagem e pela abordagem muito legal feita pelo pedro.

vai que isso tudo é um inevitável processo de criação do cara........

a postura dele em relação aos livros é muito legal. admito que ainda tenho uma possessividade meio complexo de humberto saade de adorar vê-los na minha estante (não que o empresário gostasse dos livros em si) . um dia supero essa babaquice e dou a eles a vida que merecem.

Helcio · Fortaleza, CE 6/10/2006 00:00
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Maia
 

Muito boa a entrevista! Boa também a visão do Thiago sobre o jornalismo e o cuidado de não se tornar paternalista.

Maia · Fortaleza, CE 6/10/2006 13:51
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Célia D'Azevêdo
 

Conheci Valter di Lascio em Jeri, no dia 08/02/2007.
Tirei uma foto ao lado do poeta.
Existe uma grande mágoa em seu coração.
Atualmente busca seu retorno à Lapa, quer recordar e beber "o melhor chopp do Rio de Janeiro", palavras dele.
A entrevista é fiel a seu perfil. Parabéns!
Célia D'Azevêdo

Célia D'Azevêdo · Petrópolis, RJ 24/2/2007 10:58
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Raphaela de Athenas
 

Não tinha a intenção de postar um comentário, mas como vi que os últimos tinham data de 2007, achei interessante o fato de que o encontrei em João Pessoa, num ônibus a caminho da UFPB, em 2011...e tornar esse fato público vale a pena. A respeito do poeta, tenho uma coisa séria a dizer, que talvez ninguém ainda tenha atentado para o fato: ele é a representação daquele que insiste em fazer aquilo que gosta e quer, e veja como ele está...vivendo nas ruas, lutando contra estúpidos preconceitos e burocracias ridículas....apresento-lhes a verdadeira face dessa sociedade escrota: ou faça o que os outros dizem ser o certo para "viver bem", ou faça o que quer, e se foda! Mas será que o verdadeiro viver bem é mesmo ter o que deseja sob a pressão de não ser você mesmo, usando a sua capacidade intelectiva para construir burocracias e hipocrisias?? Ou vale a pena viver como os filósofos cínicos, nas ruas, conforme a própria natureza, apenas alimentando-se do prazer que tem em exercitar o seu intelecto da forma que lhe convém? Somos covardes, eu sou covarde. Fujo de quem eu sou por medo das consequencias dessa sociedade obsoleta....Apesar das tristes circunstâncias em que se encontra o pensador Valter, eu o parabenizo pela sua coragem.

Raphaela de Athenas · João Pessoa, PB 16/1/2011 08:45
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Milena Maria
 

Vejo que o último comentário tem mais de um ano! E acho que o Valter ainda continua em João Pessoa, a última vez que o vi foi na parade de ônibus da UFPB.
Não tinha idéia que ele tinha passado tantos anos no CE...!
Não tenho muito a relatar, só que ao ler o primeiro poema do livreto (que na verdade era bem curto), me prendeu a atenção, comprei!
E dias depois me vi, lendo e relendo aquele livreto e pensando... Como um cara que escreve desta forma está ainda pelas ruas... POR QUÊ? (...)

Milena Maria · João Pessoa, PB 5/7/2012 18:52
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